EUNICE MUÑOZ – Doutoramento Honoris Causa em 2009

Corria o ano de 2009. Uma universidade pública portuguesa, a de Évora, atribuiu a dois atores o doutoramento honoris causa. Era a primeira vez. Na verdade, frisava, então, o reitor da mesma universidade, Jorge Araújo,  “nunca até hoje, teve uma palavra de apreço para com eles e para com os atores de uma forma geral”,  justificando a distinção com as “extraordinárias carreiras” dos homenageados, Eunice Munoz e Ruy de Carvalho. “São dois grandes profissionais de teatro mas também dois grandes professores da arte de representar”, realçou.

Ruy de Carvalho, considerou que se tratava de um título académico que “incentiva toda a classe”. “Nunca se tinham lembrado de nós mas nunca é tarde e estas distinções obrigam-nos a ter cada vez mais respeito por aquilo que fazemos”, acrescentou o ator.

 

Por seu lado, Eunice Muñoz destacou que “Tudo o que diga respeito à cultura fica sempre um pouco esquecido apesar de existirem grandes atores e grandes atrizes em Portugal. Não sou só eu e o Ruy que merecemos”,  fazendo questão de se apresentar perante a academia de uma forma direta: “Sou atriz e sou mãe, tenho 80 anos e venho de uma família de gente ligada ao teatro”.

Lembramos que em abril do ano passado, Eunice Muñoz foi condecorada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, cerca de três anos depois de ter recebido a Grã-Cruz da Ordem de Mérito.

A Universidade de Évora apresentava assim a atriz:

“Eunice Muñoz é natural da Amareleja, no Baixo Alentejo, e provém de uma família ligada ao espectáculo, que teve o seu próprio teatro, o Teatro desmontável Mimi Muñoz onde a actriz, com apenas cinco anos e sempre contrariada, já pisava os palcos.

Com 13 anos, Amélia Rey Colaço leva-a para a peça “Vendaval”, de Virgínia Vitorino, entrando para a Companhia Rey Colaço Robles Monteiro, ao mesmo tempo que frequenta o Conservatório Nacional.

Com nota final de 18 valores do Conservatório, a actriz passou por todos os géneros teatrais, fez várias incursões pelo cinema e com o filme “Camões”, de 1946, venceu o prémio de melhor actriz do Secretariado Nacional de Informação.

No regresso aos palcos, depois de quatro anos, o empresário Vasco Morgado, através do seu grande amigo o figurinista Pinto de Campos, convence-a a regressar ao teatro, onde é bem sucedida com “Joana d’Arc”, de Jean Anouilh, e considerada pela crítica como genial.
 
Em 1991, na comemoração dos seus 50 anos de carreira, o Museu Nacional do Teatro realizou a exposição “Eunice Muñoz: 50 anos de vida de uma actriz”, com documentos pessoais, trajes, fotografias de cena e vídeos da actriz. A exposição contou com o patrocínio do Primeiro-ministro, Aníbal Cavaco Silva. No mesmo ano Eunice Munõz é condecorada pelo Presidente da República, Mário Soares, no palco do Teatro Nacional.

Amélia Rey Colaço, Ribeirinho, Carlos Avilez, João Lourenço e Filipe La Féria são alguns dos que considera seus mestres, numa carreira que passa pelo teatro, pela televisão e pelo cinema e que já conta com mais de 60 anos, nos quais representou alguns dos grandes autores portugueses e estrangeiros e imortalizou personagens inesquecíveis como Mãe Coragem e Miss Daysi. “

 

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