UMA INTERVENÇÃO NADA ISENTA DO JORNAL PÚBLICO NO REQUENTADO TEMA DA CENTRAL DE ZAPORIJIA, por ANTÓNIO MOTA REDOL

 

No dia 6 de Outubro, o jornal Público trouxe um texto assinado pela jornalista Clara Barata, o qual transcreve as passagens que lhe interessam do relatório World Nuclear Industry  Status Report 2002 – com 385 páginas, da responsabilidade de um grupo de técnicos do Canadá, França, Alemanha, Japão e Reino Unido, por iniciativa do Professor Aviel Verbruggen, da Universidade de Antuérpia – e as opiniões pouco isentas de um dos seus participantes, proferidas na conferência de imprensa de apresentação do Relatório no passado dia 5 de Outubro. Pode ser consultado em:

https://www.worldnuclearreport.org/World-Nuclear-Industry-Status-Report-2022-870.html.

O Relatório World Nuclear Industry  Status Report 2002 (WNIRS22)

O Relatório faz uma exaustiva análise da energia nuclear em todo o mundo em todos os aspectos que são de considerar (a grande maioria das quais não vou aqui analisar), com excepção das questões económicas cujo tratamento é muito exíguo, debruçando-se em especial sobre as questões relacionadas com as centrais nucleares num cenário de guerra, situação que informa não ter sido estudada até hoje pelas entidades ligadas a este sector, bem como pela investigação universitária, com muito raras excepções.

Afirmo eu que esta nova vertente da energia nuclear deve vir a ser encarada pelas autoridades de licenciamento, o que, certamente, implicará novas exigências na construção e funcionamento dos grupos nucleares, com o consequente aumento significativo de custos.

O Relatório WNISR22 analisa o comportamento dos actores de uma guerra, opinando que, quer o atacante, quer o defensor, quererão controlar uma central nuclear por se tratar de parte do território em disputa e porque é um centro produtor de energia eléctrica, que ambos os contentores querem controlar, pela importância que tem no abastecimento de energia às populações, à indústria, à agricultura, ao comércio e aos serviços.

Percebe-se, então, porque a Rússia ocupou Chernobyl, embora desactivada, e Zaporijia. Esta central será essencial no abastecimento das regiões ocupadas pela Rússia, as quais pretende anexar.

Uma das questões que este Relatório aborda respeita à tão falada pela nossa comunicação social possibilidade de se deixar de realizar o arrefecimento do núcleo do reactor, o que poderá conduzir à fusão do núcleo, com a possível produção de vapor em excesso ou de hidrogénio e, em certas condições, como sucedeu em Chernobyl e Fukushima, verificar-se uma violenta explosão que destrua o espesso contentor de betão pré-esforçado e faça espalhar para o exterior os produtos altamente radioactivos. Recordo que, no caso de Chernobyl, os produtos radioactivos atingiram vários países europeus bem longe do local, na Ucrânia, contaminando os solos por muitos anos.

Por outro lado, o Relatório refere o perigo que envolve uma guerra nas cercanias de uma central, em que bombardeamentos realizados nas suas proximidades podem atingir partes sensíveis. Afirma que essa situação poderá provocar um desastre nuclear, mas não distingue o tipo de armamento que pode dar azo a esse evento, pois certamente não tinha no seu grupo de trabalho especialistas militares.

Como escrevi no texto “A guerra na Ucrânia, a comunicação social e as centrais nucleares”, depois de ouvir um coronel de artilharia, as armas normais  utilizadas nos combates militares no solo, mesmo com tanques, não poderão danificar ou furar o contentor de betão pré esforçado de 1,3-1,5 m  de espessura, a pele de aço que o recobre por dentro e a cuva de aço de mais de 20-30 cm de espessura em que se encontra o núcleo do reactor, onde se realiza a fissão do urânio e onde estão os produtos radioactivos nos elementos de combustível ainda em uso.

Apenas mísseis poderosos e outras armas lançadas do ar e que podem furar betão espesso, poderão produzir os danos mais significativos e perigosos. Um texto francês, que não consegui reencontrar, analisa os diferentes tipos de armas nesta guerra e os seus possíveis efeitos numa central nuclear.

Todavia, o Relatório WNISR22 não refere que as centrais desde há muitos anos têm o tal contentor de betão como o aqui aludido e apenas refere as primeiras centrais que tinham um edifício de fraca resistência. As primeira centrais soviéticas também eram assim, como era o caso dos reactores de Chernobyl, embora já construídos de 1972 a 1983, pois os especialistas nucleares soviéticos pensavam que havia exagero nas exigências das autoridades de licenciamento e segurança nuclear dos países ocidentais, por pressão dos grupos ambientalistas. Já a central de Loviisa, na Finlândia, embora de construção soviética e em serviço desde 1977 (1º grupo) e 1981 (2º), teve de comportar o contentor de betão por imposição finlandesa.

Neste aspecto, o Relatório não é verdadeiro e favorece a propaganda alarmista que os meios de comunicação social portugueses têm transmitido.

O Relatório, que foi concluído em Maio de 2022 – que, claramente, se refere a questões que a central de Zaporijia colocou, o que conduziu a uma curta inserção de informação sobre acontecimentos relacionados com esta central até 13 de Setembro -, debruça-se longamente sobre a questão do arrefecimento do núcleo, assunto que contemplei no texto “Ainda questões relativas à energia nuclear na guerra da Ucrânia”, e que no Relatório é tratado com veracidade.

Também no que respeita às instalações de armazenamento dos elementos de combustível já utilizados se faz uma análise que se afigura verdadeira.

Nas fotografias que a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) publicou da sua inspecção à central (1 a 5 de Setembro), não parece poder retirar-se que o edifício de betão que contêm aqueles elementos seja tão resistente como o contentor do reactor, o que se afigura ser um perigo real, embora muito diferente e limitado, comparado com atingir-se o núcleo do reactor ou com uma explosão de hidrogénio no caso de fusão do núcleo provocada pela falta de arrefecimento deste.

No final do Relatório aborda-se a questão da guerra na Ucrânia e da central de Zaprorijia.

Em primeiro lugar, embora se refira a acontecimentos até ao dia 13 de Setembro, não informa sobre a inspecção da AIEA – mas transcreve opiniões do Director-Geral que são mais alarmistas e consentâneas com as dos promotores do WNIRS22 -, a qual concluiu no seu relatório, como escrevi no texto “A visita da Agência Internacional de Energia Atómica à central de Zaporijia”, que não existia qualquer dano das partes sensíveis dos grupos nucleares, que as tropas russas ocupavam um dos seis edifícios das turbinas-alternadores (um por cada reactor), os quais ficam fora da zona sensível dos grupos e que a radioactividade no exterior era normal, ao contrário de várias notícias da comunicação social, que afirmavam que a radioactividade em torno da central era alarmante. Recorda-se que, apesar destas conclusões, o relatório da AIEA não deixava de referir que a ocupação militar de uma central nuclear não é desejável.

Em segundo lugar, que os bombardeamentos à central, que provocaram vários danos em edifícios secundários, a um dos edifícios de armazenamento de combustível utilizado e, em particular, às linhas de alta tensão que saem da central, foram realizados, segundo o The New York Times, por forças ucranianas. Não era necessário o jornal trazer essa notícia., pois não tinha qualquer sentido os russos estivessem a bombardear uma instalação que controlavam.

O texto do jornal Público

O texto do jornal, de autoria da jornalista Clara Barata, começa por ter o título “Nenhuma central nuclear aguenta o ataque de uma arma de guerra”, como se qualquer arma pudesse danificar gravemente um grupo nuclear. Até uma simples metralhadora individual ou mesmo um morteiro, como os utilizados na guerra colonial portuguesa.

Depois, relata a conferência de imprensa – a que não tive acesso – em que o Relatório WNIRS22 foi apresentado, da qual a jornalista considerou as passagens que conduzem às opiniões alarmistas habituais, ignorando as longas passagens explicativas do mesmo Relatório; até a razão pela qual os oponentes numa guerra podem querer ocupar uma instalação nuclear. Já se percebeu porque a Rússia o fez, e não por qualquer “loucura” dos seus dirigentes.

Volta-se às pseudo-informações anteriores à inspecção da AIEA, cujo relatório as fez calar, bem como às “análises” dos comentadores que sabem de tudo e nada entendem do assunto.

Em certo passo, a jornalista confunde situações complicadas que podem verificar-se no núcleo do reactor com outras que podem ocorrer nas instalações que contêm os elementos de combustível utilizado.

Depois, alude-se a que os combatentes podem não perceber a perigosidade da instalação e «não serem capazes de avaliar os efeitos secundários das suas acções de combate» – sempre a alarmar!. Ora, se as informações foram correctas, os meios de comunicação informaram na altura que as forças russas foram acompanhadas por técnicos de exploração de grupos nucleares quando tomaram Zaporijiai, pois a Rússia programava controlar a operação da central, o que, na realidade não se verificou, continuando a central a ser operada pelo pessoal ucraniano. No entanto, esse pessoal russo ficou na central a vigiar o comportamento do pessoal ucraniano e, certamente, a orientar o dos soldados.

O coordenador do grupo, o Professor Mycle Schneider, apresentado por ela como «activista anti-nuclear e consultor de vários deputados do Parlamento Europeu», aludiu a um «problema de governação em relação à guerra na Ucrânia que existe na Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), o organismo da Nações Unidas que tem como missão garantir a segurança das centrais nucleares, e, ao mesmo tempo espalhar a tecnologia nuclear para usos civis». Esta afirmação é verdadeira e já o escrevi no texto sobre aquela organização. Mas adiante, disse Mycle Schneider: «Vemos que a estatal russa Rosatom está envolvida na ocupação da Ucrânia, e o vice-director-geral e responsável pelo departamento de Energia Nuclear da AIEA é o russo Mikhail Chudakov, que dirigiu durante muito tempo empresas do universo da Rosatom». Por acaso, não trabalhou na Rosatom, mas na Rosenergatom. Rosatom é a actual designação da empresa.

A afirmação é manipuladora, pois, além do Director-Geral, a AIEA tem na sua direcção 6 Deputy Directors General, um dos quais é Mikhail Chudakov. A AEIA tem dezenas de inspectores, uma General Conference em que participam os 175 estados membros, um Board of Governors com 35 membros. A influência russa é, portanto, limitadíssima.

O que incomoda o Professor Mycle Schneider é o relatório do grupo de inspectores da AIEA que inspecionou a central de Zaporijia, dirigido pela francesa Lydie Evrard, responsável da divisão Nuclear Safety and Security daquela Agência, e cujas conclusões já resumi. Recorde-se que o Governo Ucraniano reagiu afirmando que o relatório era favorável à Rússia. Devia querer que se repetissem as mentiras que foi dizendo sobre o assunto.

Pelo currículo do Director-Geral que apresentei no texto sobre essa inspecção – um político argentino de profissão embaixador -, também se percebe que ele próprio não gostou das conclusões. Tanto assim, que continua a propagar opiniões exageradas e alarmistas.

Teria sido bem mais interessante para a actual e futura situação da energia nuclear, que a jornalista abordasse a questão dos cada vez mais prolongados períodos de construção de grupos nucleares – os quais passaram de 5 a 6 anos, em média, nos anos 70 para 12/13 anos, em média, na actualidade, com algumas situações de muitos mais anos, daí resultando um aumento muito elevado dos custos de construção; e das dificuldades e altos custos de desmantelamento dos reactores desactivados, assuntos largamente tratados no Relatório.

Apesar dos muitos escassos elementos de carácter económico, o Relatório refere a enorme (cerca de 10 vezes em poucos anos) diminuição do custo de produção das renováveis e o muito maior custo da produção nuclear – tema que a jornalista também ignora -. situação que tem sido apontada para a obstrução de Emmanuel Macron ao aumento da interligação eléctrica de França com a Península Ibérica.

Preferiu voltar à questão requentada da central de Zaporijia, que o relatório da AIEA e a notícia do The New York Times esvaziaram.

2 Comments

  1. Sir,
    you spent some time to write this up—thank you—so it deserves a reply.
    It would have been great though if you had spent some more time reading the report itself, avoiding some confusion.
    Any comment that is following is based on DeepL translation, so please forgive me, if I got something wrong.

    • You write that the report has been written up “on the initiative of Professor Aviel Verbruggen”. Prof. Verbruggen has contributed the Foreword to the report. At no point in time, he had any other role in this project. I initiated, coordinate, and publish the report.
    • You question our analysis on the vulnerability of nuclear power plants in war situations. I don’t know anything about your experience in the field, but this part of the report was drafted by one of the most senior German experts in the field of nuclear safety and security, and it has been thoroughly reviewed by several scientists, including by a top expert of Princeton University’s Science & Global Security Program.
    The fundamental mistake in your argumentation is that you are arguing about the resistance of the strongest element. Vulnerability analysis needs to look at the weakest links like the main steam lines, power supply, or the cooling chain. Any of these elements can be destroyed e.g. by well-placed mines or low-yield weapons, no need for sophisticated missile systems. THAT is the problem. So if you write “Only powerful missiles and other weapons launched from the air and which can pierce thick concrete will be able to produce the most significant and dangerous damage.”, this is simply factually wrong and highly misleading. This report does not favor anybody’s “alarmist propaganda”.
    • You write: “First of all, although it refers to events up to September 13, it does not report on the IAEA inspection…”
    I challenge you to provide me with any example of a close to 400-pages long report and containing any information that is only three weeks old.
    • Your comments on who bombed the Zaporizhizhia nuclear plant have nothing to do with our writing. We have explicitly abstained from any judgement on specific events as we consider that there is no objective information source at this point.
    • You write: “Then she reports the press conference – to which I did not have access – at which the WNIRS Report22 was presented…” This was a public press conference that was livestreamed and is available here: https://www.youtube.com/watch?v=MtfNMKry3_Y
    I’m sure you could have found out if you had wanted to.
    • Consistently attacking the Politico reporter for no reason, you write: “Then it is alluded to that the combatants may not realize how dangerous the facility is and “may not be able to assess the secondary effects of their combat actions” – always alarming!
    Not alarming, simply logical.
    • You write: “Russia was planning to control the operation of the plant, which in fact did not happen, and the plant continued to be operated by Ukrainian personnel.” I’m amazed that you seem to know what is happening at the plant. WNISR never pretended to. Our understanding was that Russian military is controlling every move onsite, with Rosatom-personnel assisting in technical matters, and Ukrainian staff operating at gun-point. But we don’t know. And maybe you know more. Please publish your sources then.
    • You write: “The coordinator of the group, Professor Mycle Schneider, presented by her as an “anti-nuclear activist and advisor to several MEPs…” Indeed, I’m not a Professor, I’m not an anti-nuclear activist, and my activity as advisor to MEPs has nothing specific in my overall activity as a consultant to governments, international organizations, universities, NGOs, and media outlets. (I have pointed that out to Politico).
    • You write: “The statement is manipulative, because in addition to the Director General, the IAEA has 6 Deputy Directors General on its board, one of whom is Mikhail Chudakov.”
    Manipulative? Chudakov is the only Deputy DG heading the department of Nuclear Energy. The point I have been raising is that the IAEA is actually closely cooperating with Rosatom in the establishment of nuclear power programs in potential newcomer countries and in the vast majority of current newbuild projects around the world. That raises governance issues.
    • You write: “What bothers Professor Mycle Schneider is the report of the IAEA inspectors who inspected the Zaporijia plant…” Who are you to pretend to know what bothers me?

    Mycle Schneider
    Independent International Analyst on Energy and Nuclear Policy
    Coordinator and Publisher of the World Nuclear Industry Status Report

  2. A pedido de António Redol coloco aqui esta sua resposta ao comentário anterior, de Mycle Schneider:

    Comentários aos comentários que Mycle Schneider enviou a A Viagem dos Argonautas a propósito de um texto meu
    Mycle Schneider teve a iniciativa de fazer algumas observações ao meu texto intitulado “Uma intervenção nada isenta do jornal Público no requentado tema da central de Zaporijia”.
    Tenho pouco a dizer sobre esses comentários, mas eles revelam que o seu autor se sentiu tocado quando escrevi que o relatório World Nuclear Industry Status Report 2022 (WNISR2022), a par de informações muito importantes que a jornalista não reportou, tomava uma posição favorável às autoridades ucranianas, ao não informar sobre as conclusões da inspecção da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) que foram publicadas pela Agência em data anterior à última informação do WNISR2022. Na realidade, o relatório resume vários acontecimentos na central de Zaporijia até 13 de Setembro, data posterior à publicação dessas conclusões, pelo que as deveria ter incluído, pela sua importância. Na minha opinião não o terá feito porque elas contrariavam as opiniões da maioria dos líderes europeus e os interesses do Governo Ucraniano. Por outro lado, publica as várias opiniões, sempre alarmistas, sem conhecimento no terreno e baseadas em informações do Governo ucraniano, do Director-Geral da AIEA, um político de carreira diplomática.
    1)Informa Mycle Schneider ser ele e não Avel Verbruggen o elemento chave do relatório, informação errada minha, mas involuntária, pois resultou do texto de apresentação do relatório, que destaca aquela segunda personalidade. Do facto, peço desculpas e compreendo que se sinta minorado.
    2) Nega a informação da jornalista do Público de ser ele «activista anti-nuclear e consultor de vários deputados do Parlamento Europeu», o que mostra a falta de rigor da mesma jornalista em aspecto tão sensível, pois como pode um anti-nuclearista participar intensamente num relatório que se pretende ser independente sobre a energia nuclear no mundo? Mycle Schneider terá razão, mas é à jornalista do Público que deve chamar a atenção.
    3) O mais importante, e a questão de fundo: referindo a constituição de grupos nucleares, o relatório descreve os primeiros reactores (1ª geração) e ignora que os de 2ª e3ª gerações possuem um contentor de betão pré-esforçado, que tem uma “pele de aço” por dentro, envolvendo a cuba de 20-30 cm de espessura, onde de se encontra o núcleo do reactor, a sua parte mais sensível. Por exemplo, os reactores de Chernobyl não tinham esse contentor, mas os de Zaporijia têm.
    Depois, o relatório aborda a questão dos combates junto da central, que Mycle Schneider volta a referir como perigosos, mas os autores do WNISR22 não consultaram um perito militar que lhes teria dito que as armas de combate de rua não poderiam furar a estrutura e atingir o núcleo. Fi-lo eu junto de um coronel de artilharia que esteve na NATO e nas guerras na Europa e Médio Oriente. Também refiro naquele citado texto que consultei um texto de um técnico francês que identifica por tipos os mísseis capazes de furar ou destruir o contentor.
    Isto é, só um ataque propositadamente preparado para provocar uma catástrofe teria este efeito.
    Mycle Schneider não aborda no seu texto para A Viagem dos Argonautas, tal como o relatório, essa questão essencial, que reduz a pó as posições da comunicação social portuguesa.
    4) O autor do texto contestador não é inteiramente verdadeiro quando, quanto à importância da presença do técnico russo Michail Chulakov membro do Deputy Directors Genaral da AIEA e responsável da área de Energia Nuclear, refere que os membros dessa estrutura são 6, mas descarta a minha informação de que são 175 os países que integram a AIEA, os quais exercem o seu controlo – e países como os EUA não deixarão de fazê-lo apertadamente – e são 35 os membros do Board of Governors. A influência de Michail Chulakov fica, assim, muitíssimo diluída.
    O resto do seu texto são opiniões sobre as minhas opiniões.
    5) Mycle Schneider ignora as observações que faço ao relatório – o qual contém muita informação relevante – quando chamo a atenção para que, na sua elaboração na parte relativa aos efeitos de uma guerra, os seus responsáveis não consultaram especialistas militares. É, aliás, como escrevi no meu texto original, uma falha grave das organizações e especialistas nucleares, como estes agora reconhecem.
    Também não comenta a minha observação de que no domínio económico, tão importante, muito pouca informação é transmitida, nomeadamente na relação energias renováveis/energia nuclear: custos de investimento, custos de exploração, custos do combustível, custos de desmantelamento, custo final do kwh, etc.
    Também não se analisa a dependência europeia e estadounidense dos serviços russos de enriquecimento do urânio.

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