COMPOSITORES DESCONHECIDOS – Luigi Dallapiccola – por Paulo Rato

LUIGI DALLAPICCOLA (1904-1975)

“O único dodecafonista que escreve com o coração” Erich Kleiber

 

Começo hoje a evocar (não, consecutivamente) uma geração de importantes compositores italianos, nascidos no período que abrange o final do século XIX e o início do século XX, que, “entalados” entre os nomes mais sonantes dos últimos românticos e os grandes iniciadores da Luigi Dallapiccola nasceu em Pisino d’Istria, Trieste (Itália) — actualmente, a cidade de Pazin, na Croácia — em 3 de Fevereiro de 1904.

 A sua província natal pertencia, então, ao Império austro-húngaro e os italianos e pró-italianos eram alvo de medidas discriminatórias. Em 1917 a sua família foi exilada para Gratz: foi a oportunidade para se iniciar na música sinfónica e na ópera alemãs. Depois da derrota do exército austro-húngaro, voltou a Pisino, libertada pelos italianos, e completou os seus estudos musicais, primeiro em Trieste e, a partir de 1922, em Florença, onde mais tarde ensinou piano.

 

 

Em 1926 inicia a sua carreira de pianista. Embora em 1924, tenha ouvido Pierrot lunaire, dirigido por Schönberg, o seu interesse pela música dodecafónica tem origem no encontro com Berg, em 1933. A sua primeira obra influenciada por esta técnica foi o Divertimento em quatro exercícios (1934).

 

Utilizando muito livremente as regras do desenvolvimento serial, Dallapiccola adaptou-as ao seu estilo pessoal — clássico e mediterrâneo —, renunciando ao neo-romantismo ou ao expressionismo dos músicos vienenses. Na escolha de séries, preferiu os movimentos melódicos conjuntos, geradores de impressões tonais.

 

Nos tempos mais difíceis da 2.ª guerra, refugiou-se com a mulher, Laura, que era judia, numa obscura aldeia da Toscânia, Borgunto, continuando sempre a compor. Em 1950 é a estreia, integrada no Maio Musical Florentino, da ópera Il Prigioniero, reacção à barbárie da 2.ª Guerra Mundial, com libreto do próprio compositor, baseado em 2 textos: “La torture par l’espérance” do escritor francês Villiers de l’Isle Adam; e “La Légende d’Ulenspiegel et de Lamme Goedzak” do belga Charles de Coster. A partir de 1951, ensina em diversas universidades americanas. Foi membro correspondente do Instituto de França (1968) e membro da Real Academia de Música de Londres (1969), tendo recebido, entre outros, o Prémio Arthur Honegger (Paris, 1972). Luigi Dallapiccola morreu em Florença em 18 de fevereiro de 1975.

 

 Dallapiccola permanece pouco conhecido do grande público, apesar do seu génio, nomeadamente para a escrita vocal. Canti di Prigionia, um dos mais comovedores documentos musicais do século XX, é um grito de desafio do compositor contra o manifesto racista de 1938, com textos de orações pela liberdade de 3 famosos prisioneiros: Maria Stuart, Boecio e Girolamo Savonarola. Dotado de um sentido dramático notável e de uma técnica perfeita de escrita vocal, é na música vocal que o compositor melhor se exprime e atinge os pontos mais altos da sua obra. As suas óperas Volo di notte, segundo o romance de Saint-Exupéry (Florença, 1940) e, sobretudo, Il prigioniero (Florença, 1950) contam-se entre as obras-primas do teatro lírico contemporâneo.

 

Além destas duas óperas, escreveu o bailado Marsia, grandes obras corais, entre elas Job —representação sacra para solistas, coros e orquestra —, o já referido ciclo Canti di prigionia e os Canti di liberazione, Divertimento em quatro exercícios para soprano e cinco instrumentos, Cinque canti, para barítono e oito instrumentos, Piccolo concerto per Muriel Couvreux para piano e orquestra de câmara, Inni para 3 pianos, Sonata canónica, Caderno musical de Anna Libera para piano solista. Foi muito importante a sua influência em toda a geração dos músicos que nasceram por volta de 1925, não só em Itália como noutros países. “(…) Dallapiccola era um ponto de referência, não apenas musical.

 

Foi ele, talvez mais que qualquer outro, quem solidificou, incansável e conscientemente, as relações da música italiana com a cultura musical europeia” Luciano Berio, 1981 Il Prigioniero Varias formas clásicas (ballata, aria, ricercare) son usadas como parte integral del desarrollo de la acción dramática y también citas de obras anteriores como los Canti di Prigionia. Al Prólogo (Ballata de la madre), le siguen un primer Intermezzo Corale, tres escenas (que incluyen un Aria in tre strofe y tres Ricercare), un segundo Intermezzo Corale y, finalmente, una cuarta y última escena rematada por una pregunta que el prisionero deja en el aire –“La libertà?…”– mientras el coro entona un pasaje de los Canti.

 

 

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