Na progressão foram encontradas várias munições e carregadores. Debaixo de fogo intermitente as tropas penetraram na tabanca de Morés às 08h30. Encontrado um casal idoso, ele acamado e a mulher ao lado.
Informações obtidas no momento confirmaram as anteriormente recolhidas. O acampamento situava-se junto ao caminho que de Morés conduzia a Talicó, a meio de duas bolanhas. Às 10h00 um heli recolheu o guerrilheiro ferido. Uma hora depois chegou também de heli o comandante-Chefe.
A Bandeira Portuguesa subiu em Morés pelas mãos da CCav 489.
Na presença do comandante-chefe fez-se uma pequena cerimónia, foi hasteada a bandeira portuguesa e alguns militares aproveitaram para tirar chapas. Foram destruídas cerca de 60 barracas nas imediações.
Com a prisioneira como guia as tropas continuaram a progredir em direcção à casa de mato que se pensava ser o QG dos grupos que nos últimos tempos têm desencadeado acções sobre a tropa e população. O IN aguardava-os pacientemente. Atacados pelos flancos as tropas atacantes reagiram com tiros de bazuca trazendo acalmia momentânea. A cada passo reacendia-se a refrega. Momentos houve, que o relatório minuciosamente descreve, em que quase se combateu tiro a tiro, individualmente. As nossas tropas tinham feridos e corpos de guerrilheiros espalhavam-se pela mata. O 1º cabo enfermeiro Carvalho de Brito foi atingido quando estava a socorrer um soldado ferido. O alferes miliciano Rui Ferreira e furriel miliciano Covas transportaram para a retaguarda um dos feridos mais graves. 45 minutos de inferno de fogo e sangue, é desta forma que o relator resume estes acontecimentos.
Morés foi atingida às 16h00 e foi a esta hora que chegaram os helis para procederem à evacuação dos feridos. Evacuação inútil para a vida do 1º cabo enfermeiro Carvalho de Brito.
O tenente-coronel Cavaleiro decidiu que se devia permanecer em Morés até ao dia seguinte. Preparou-se a noite.
Escolheram-se os locais para as sentinelas, limparam-se alguns arbustos e improvisaram-se abrigos.
Às 19h00 recomeçou o tiroteio, interrompido pela reacção das NT e recomeçando às 22h00. Elementos inimigos,
ao abrigo da escuridão, aproximaram-se do improvisado aquartelamento e arremessaram granadas de mão. Às 01h00, 2h00 e 3h00 os ataques foram feitos com mais força e as flagelações vinham de vários lados. Ouviam-se claramente palavras de incentivo, “por aqui”…”vamos”…”vamos embora”…
Uma noite que o relator diz ter sido interminável.
Pela manhã mais dois feridos foram levados pelo heli que trouxe água, munições e alimentação.
Foram rendidos cerca das 12h00 por 2 GC, um da CCav 489 e outro da CCaç 461. Estes grupos tiveram a marcha atrasada pelo rebentamento de um fornilho com flagelação de tiros de PM e remoção de abatizes.
A CCav 489 (-) retirou então, não sem se deparar com 24 abatizes no trajecto Morés-estrada de Bissorã e ter sofrido uma emboscada nesse local. O condutor de uma das GMCs foi atingido nas pernas por estilhaços de GM (oito furos foram contados na porta da GMC). Por várias vezes a fuzilaria interrompia-se subitamente e da mesma forma se reacendia, causando mais dois feridos às NT. Foi abatido de uma árvore um elemento inimigo. Eram
16h30 quando viram finalmente Mansabá.
A constante actividade das Companhias do BCav 490 obrigou o IN a nunca pernoitar noites seguidas no mesmo local. A operação realizada em 2 Novembro pela CCav 489, que se manteve no local duas noites seguidas, deu os frutos no imediato.
A actividade IN reduziu-se significativamente, ao ponto de em Dezembro, as escoltas nos principais itinerários do Sector, Mansoa-Mansabá e Mansoa-Bissorã, passarem a ser feitas com efectivos de secção.