por Rui Oliveira
Caros leitores : Como tenho vindo a prevenir, esta será a última agenda antes de férias com algum pormenor, por isso tentaremos antever quais os eventos de maior interesse nas semanas próximas, de entre aquilo que já é conhecido da programação estival.
Para os interessados em música dita erudita (ou clássica, antiga ou contemporânea) a semana final de Junho será parquíssima.
Há na Segunda 25 de Junho na Sala dos Espelhos do Palácio Foz dois recitais de entrada livre. Um, às 17h30, de piano, onde a pianista portuguesa Vera Estevez tocará obras de Robert Schumann e Frédéric Chopin.
Pode ouvir-se-a num recital recente tocando Schumann :
O outro é um Recital de Guitarra, às 19h, em comemoração dos 50 anos de carreira do Professor José Lopes e Silva, em que o guitarrista holandês Rembrandt Gerlash fará soar obras de Luys Milan, Diego Pisador, Luys de Narvéz, Josquin des Prez, G. F. Händel, W. A. Mozart e F. Schubert.
Ouçamo-lo numa execução recente dum trecho do opus 11 de Fernando Sor :
Na Quinta 28 de Junho, no mesmo Palácio Foz, realizam-se de novo dois recitais. O primeiro de piano, às 18h, no ciclo “Os Jovens Virtuosos do Piano”, em que a pianista Margarida Prates tocará obras de Ludwig van Beethoven, Franz Liszt, Frédéric Chopin e Johannes Brahms.
Mais tarde, às 19h30m, o recital de Piano será com o pianista (e compositor) britânico Daniel Hewson, com um programa ainda por anunciar.
Vencedor em jóvem do Osgood Composition Prize e com um CD “Secret Doors” editado, ouçamo-lo numa Toccata in Ré menor de Johann Sebastian Bach :
Na Sexta 29 de Junho, às 21h, no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, o Mozart Group apresenta o espectáculo “Humor em Mozart” onde os músicos desta banda polaca (Filip Jaślar primeiro violino, Michał Sikorski segundo violino, Paweł Kowaluk viola e Bolek Błaszczyk violoncelo), formados em prestigiados conservatórios de música como os de Varsóvia e Lódz, tocam música clássica de uma forma humorística. Nas suas criações, através de associações musicais e ideias brilhantes, a música é fonte de alegria e riso. Ao longo da sua carreira, foram muitos os prémios alcançados pelo grupo e as parcerias com grandes artistas, como Bobby McFerrin.
É este o vídeo que o próprio grupo divulga como o seu Best of de cerca de hora e meia :
No Sábado 30 de Junho, a sessão mensal do Concerto Moderno (uma orquestra de cordas formada por jovens instrumentistas da área de Lisboa sob a direcção artística de Inês Saraiva e César Viana) no São Luiz Teatro Municipal, às 18h30 no Jardim de Inverno, é sobre “Ventos de Leste” e nela tocar-se-ão obras de Piotr Tchaikovsky, Anton Arensky e Fryderyc Chopin, sendo a solista convidada a pianista Jill Lawson.
Por fim a semana termina com o arranque do “Festival ao Largo 2012” (o mundo no Chiado – sempre às 22h), como habitualmente no largo fronteiriço ao Teatro Nacional de São Carlos e com entrada gratuita. Assim na Sexta e Sábado, dias 29 e 30 de Junho, os corpos artísticos do Teatro Nacional de São Carlos – a Orquestra Sinfónica Portuguesa e o Coro do TNSC – interpretarão a obra-prima de Edvard Grieg: a música de cena para Peer Gynt sob a direcção musical de Martin André, com Irene Cruz na narração e um elenco composto por André Baleiro Peer Gynt, Eduarda Melo Solveig/Anitra, Carla Simões Primeira Pastora, Ana Franco Segunda Pastora e Carolina Figueiredo Terceira Pastora − e este será um dos três eventos-eixo deste Festival.
Olhando mais para diante, segundo o anunciado pelo director artístico do Festival César Viana, sucedem-se outros espectáculos de música e de dança a saber, cronologicamente para que o leitor tome nota :
− a 1 de Julho em Soltem o Barroco há “Vivaldianas” com quatro Concertos para cordas de António Vivaldi e um Concerto para cordas e cravo de Carlos Paredes.
− a 2 de Julho os Barrokksolistene de Oslo, um agrupamento de topo no panorama europeu da música barroca dirigido pelo violinista Bjarte Eike, apresenta um espectáculo com forte cariz teatral e muito humor, à volta das canções de taberna do século XVII em An Alehouse session. É este o ambiente criado :
− a 3 e 4 de Julho o Trio Elégiaque de Rakhmaninov e a Sinfonia nº 15 de Chostakovitch serão interpretados por um grupo de solistas internacionais de grande nível: Tatiana Samouil, Pavel Gomziakov e Plamena Mangova, além de Elizabeth Davis, Richard Buckley e Pedro Araújo e Silva na percussão.
− a 5 de Julho assinala-se a participação do Festival do Estoril, com a presença de dois prestigiados solistas internacionais, Daniel Auner e António Rosado, que se juntam em palco à Orquestra Sinfónica Portuguesa dirigida por António Lourenço para tocar Nikolai Rimski-Korsakov (A Noiva do Czar – Abertura), Piotr Ilitch Tchaikovski (Concerto em Ré Maior) e George Gershwin (Concerto em Fá para piano e orquestra).
− a 6 e 7 de Julho a Companhia Antonio Gadés , um nome mítico no panorama do flamenco e da dança contemporânea espanhola, apresenta “Carmen”, um ballet inspirado na obra de Prosper Mérimée com coreografia de Antonio Gadés e Carlos Saura e música de Gadés, Solera e Freire, de que lhe mostramos um excerto :
− a 9 de Julho há a apresentação do espectáculo poético de rua Lisboa – Homenagem a Fernando Pessoa, da encenadora Anna Stigsgaard, que, depois de percorrer várias cidades europeias, chega finalmente ao Largo que viu Pessoa nascer.
− a 13 e 14 de Julho é tocada a ópera em versão de concerto Goyescas de Enrique Granados (inspirada em seis pinturas de Francisco Goya) com direcção musical de João Paulo Santos − segundo evento-eixo do Festival ao Largo.
− a 15 de Julho em “As Damas de São Carlos” um conjunto feminino de instrumentistas de corda tocará Antonín Dvořák (Serenata para cordas em Mi Maior) e Piotr Ilitch Tchaikovski
(Serenata para cordas em Dó Maior).
− a 27 e 28 de Julho é interpretada a ópera em versão de concerto Turandot de Ferruccio Busoni com direcção musical de Moritz Gnann, o terceiro evento-eixo do Festival ao Largo, de que damos a ouvir o registo da Introdução pelo Rias-Kammerchor e a Radio-Symphonie-Orchester de Berlim (maestro Gerd Albrecht) :
Além destes eventos, a CNB apresenta também a 19, 20 e 21 de Julho La Valse, uma curta-metragem criada pelo realizador João Botelho para a companhia com a colaboração coreográfica de Paulo Ribeiro (com a obra-prima de Ravel interpretada por Pedro de Freitas Branco à frente da orquestra do Théâtre des Champs-Élysées), e ainda Du Don de Soi, o trabalho que o mesmo Paulo Ribeiro concebeu para a companhia a partir da obra do genial realizador russo Andrei Tarkovski.
O Oriente estará bem presente através da vinda de duas grandes produções: a 26 de Julho um espectáculo de Gamelão de Java e Dança e Música de Sumatra, géneros musicais que tiveram uma importância decisiva na formação da identidade do modernismo musical europeu no início do século XX, e a 29 de Julho, a Orquestra Chinesa de Macau, uma orquestra de 70 elementos exclusivamente constituída por instrumentos tradicionais chineses.
Da Roménia chega, por um lado, a 10 de Julho, o grande ensemble de dança e música tradicional Junii Sibiului e por outro, a 11 de Julho, o violinista Alexandru Tomescu que se apresenta com a Filarmonia das Beiras e o maestro Ernst Schelle.
Uma última observação/conselho neste campo musical. Se o centro da cidade se rarefez nesta época, multiplicaram-se entretanto descentralizadamente os festivais por outras terras – já houve o baixo-alentejano Festival Terras Sem Sombra ontem concluido em Castro Verde, mas aos viajantes amadores interessados lembra-se que ainda decorrem o 30º Festival de Música de Leiria até 30 de Junho ou o Cistermúsica em Alcobaça até 29 de Julho e vão abrir quer o Musicaldas 2012 nas Caldas da Rainha de 3 a 21 de Julho, quer o Música nos Claustros do Eboræ Musica durante o mês de Julho, para ficarmos apenas na metade Sul do país.
Para os menos móveis há contudo dois festivais de interesse e acesso fácil, pois um até vem ao São Carlos. Referimo-nos ao de Sintra e ao do Estoril.
No “47º Festival de Sintra” com o título “Viena antes de Mahler : De Haydn a Brahms” – já meio decorrido a quando deste Pentacórdio – aguarda-se ainda a presença do pianista Howard Shelley com a Orquestra Gulbenkian (dia 26/6), do duo Bruno Monteiro violino e João Paulo Santos piano e dos pianistas Stephen Kovacevich (dia 30/6), Nicholas Angelich (dia 1/7), Paulo Oliveira (dia 6/7), Shai Wosner com o Ensemble de Berlim (dia 7/7) e Artur Pizarro (dia 8/7), em espaços que vão do Centro Cultural Olga Cadaval ou as Quintas da Piedade e da Regaleira aos Palácios Nacionais de Sintra e de Queluz. [ Ver programação detalhada em www.festivaldesintra.pt ]
Por ser o menos conhecido, juntamos o registo do Scherzo da Sonata em Si menor op. 58 de Chopin tocado pelo pianista Paulo Oliveira, vencedor do Prémio Jovens Pianistas 2010 do “Festival Chopin” :
Mais insólito é o “38º Festival do Estoril” (incluído nas “Semanas de Música do Estoril”) que se passeia entre Lisboa, Estoril e Cascais, dando assim a oportunidade a lisboetas e seus vizinhos de ouvir não só a Orquestra Sinfónica Portuguesa (que já mencionámos), mas também os Menuhin Academy Soloists (dia 11/7, na Ig.Salesianos, Estoril), o Quarteto de Cordas de Matosinhos (dia 12/7, no IST, Lisboa), o alaudista Naseer Shamma (no dia 14/7), o pianista Sorin Petrescu (no dia 17/7), o Wiener Mozart Trio (no dia 18/7), todos no Hotel Palácio, Estoril, o Psappha Ensemble de Percusiones (no dia 19/7), o Dryads Duo (no dia 22/7), o trio Agnes Palmisano voz, Maciej Golebiowski clarinete e Alexander Shevchenko acordeão (no dia 23/7), a pianista Young-Choon Park (no dia 24/7), o Sonor Ensemble (no dia 25/7), todos no Centro Cultural de Cascais, e a Orquestra Metropolitana de Lisboa (no dia 26/7 na Ig.Salesianos, Estoril). [ Ver pormenor da programação em
http://www.estorilfestival.net/resources/SME-2012-Desdobravel.pdf ]
