POESIA AO AMANHECER – 60 – por Manuel Simões

Salvatore Quasímodo – Itália

(1901 – 1968)

DAS FRONDES DOS SALGUEIROS

E como podíamos nós cantar

com o pé estrangeiro sobre o peito,

entre os mortos abandonados nas praças

sobre a erva dura de gelo, ao lamento

balido das crianças, ao uivo negro

da mãe que ia ao encontro do filho

cruxificado no poste do telégrafo?

Das frondes dos salgueiros, como ex-votos,

também as nossas cítaras pendiam,

oscilavam leves ao triste vento.

(de “Giorno dopo giorno”, trad. de Manuel Simões)

Prémio Nobel para a Literatura em 1959. Da sua obra poética salientam-se  “Acque e terre” (1930), “Òboe sommerso” (1932), “Ed è subito sera” (1942), “Giorno dopo giorno” (1947), “La vita non è sogno” (1949), “Il falso e vero verde” (1956), “La terra impareggiabile” (1958), “Dare e avere” (1966). Traduções portuguesas: alguns poemas publicados na revista “Vértice”, com trad. de Orlando de Carvalho; “E de súbito é noite” (1981), trad. de Manuel Simões.

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