POESIA AO AMANHECER – 72 – por Manuel Simões

Iniciamos hoje uma antologia de poetas espanhóis do após-guerra, servindo-nos, para isso, do volume “Poesia Espanhola do Após-Guerra, selecção e tradução de Egito Gonçalves (Lisboa, Portugália, s/d).

Gabriel Celaya – Espanha

( 1911 – 1991  )

A RAFAEL MELERO

É proibido chorar.

É proibido ir com os rios para o mar

onde tudo é igual.

É proibido sorrir

de modo subtil, sem nada dizer,

dizendo que tanto faz o sim ou não.

É proibido violentar

e, ainda que armados de razão, atacar.

É proibido forçar.

É proibido falar do fim

quando tudo é no entanto um: ai! não aí,

e um flutuante ver chegar.

É proibido o gesto

de consciência pessoal, piscar de olhos da liberdade,

porque existem os outros.

É proibido morrer

por cultura, cepticismo, ou porque assim

se descansa de existir.

É proibida a moral

das boas intenções, que, associal,

por nada dá o mais próximo.

Há que crer e viver.

Resolutos, ainda que sem ódio, decidir

o dizer sim claramente

Vem para mais perto, mais perto.

Não me perguntes o que é claro. Também o vês chegar

na unidade dos homens – tu por mim.

(tradução de Egito Gonçalves)

Nasceu em Hernani (País Basco). Publicou vários livros de ensaio sobre poesia. Da sua extensa obra poética, salientam-se aqui: “Movimientos elementales” (1947), “Objectos poéticos” (1948), “Deriva” (1950), “Lo demás es silencio” (1952), “Cantos iberos” (1955), “De claro en claro” (1956), “El corazón en su sitio” (1959, Venezuela), “Episodios Nacionales” (1962).

 

Leave a Reply