EM VIAGEM PELA TURQUIA – 36 – por António Gomes Marques

(Continuação)

O desenvolvimento cultural foi outra das suas preocupações, incentivando o conhecimento da história da nação turca, não apenas a mais recente mas também a pré-islâmica, cultura muito anterior às civilizações seljúcida e otomana, criando também condições para o estudo das civilizações da Anatólia ¾ frígios, lídios e, fundamentalmente, sumérios e hititas ¾, o que está bem em consonância com a sua afirmação de que a «cultura é a fundação da República Turca», assumindo o legado da nação turca sem descurar os valores da civilização global.

 Para cimentar todas estas reformas e depois de, em 1928, ter criado a Associação Turca de Educação, estabelece a Associação da Língua Turca e a Instituição da História Turca, em 1931, a que se segue, em 1932, a criação da Sociedade Histórica Turca.

Mustafá Kemal, na inauguração da Instituição da História Turca.

 Dois anos depois dá-se a reestruturação da Universidade de Istambul e, logo de seguida, funda a Universidade de Ancara, promovendo o ensino das ciências. Educação, ciência e cultura são os pilares fundamentais de qualquer país desenvolvido e Mustafá Kemal tinha disso perfeita consciência.

 

 M. Kemal na Uniersidade.de Istambul após a sua

reestruturação

 E os museus também não foram esquecidos. Em 1927 é inaugurado o Museu Estatal de Arte e Escultura de Ancara, com importantes colecções para a sociedade turca, com a presença de Mustafá Kemal:

 Nesta cidade de Ancara tivemos oportunidade de visitar um outro museu de grande importância, o Museu das Civilizações Anatolianas, criado por vontade de Mustafá Kemal, a cuja inauguração já não pôde assistir por, entretanto, ter falecido. Mais à frente, falaremos do museu com algum pormenor.

Em 1930, Mustafá Kemal tenta incentivar o aparecimento de outros partidos de modo a constituir um sistema pluripartidário na Turquia, tendo, nomeadamente, incentivado o seu amigo Ali Fethi Okyar a constituir um partido político, ao que ele acedeu criando o Partido Republicano Liberal, com grande êxito em todo o país.

 

Mas o partido de Ali Fethi Okyar não constituía uma verdadeira oposição, dado que as diferenças entre os dois líderes praticamente não existiam; no entanto, aqueles que se opunham às reformas de Mustafá Kemal, sobretudo no papel que a religião deveria representar na vida pública, procuraram servir-se do novo partido para recuperar o que haviam perdido, o que passou a constituir uma ameaça às reformas seculares introduzidas pelo Presidente da República, particularmente quando os fundamentalistas islâmicos se sentiram com força para se rebelarem, o que levou Ali Fethi Okyar a dissolver o partido que há pouco tinha fundado, dado que não tinha deixado de apoiar as reformas seculares de Mustafá Kemal, embora com o inconveniente para este de nunca ter conseguido a construção de um sistema pluripartidário, que as suas palavras, proferidas em 1933, mostram ele querer: “República significa administração democrática do Estado. Fundamos a República, que alcançou o seu décimo ano. Devemos impor todas as exigências da democracia, à medida que o seu tempo chegar. (v. Wikipédia)

 

                          Atatürk e o líder do Partido Republicano Liberal,  Ali Fethi Okyar e a filha deste.

(Continua)

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