Notícias contraditórias nos chegam. É bom que as crianças muito jovens os utilizem? É prejudicial? Falemos então do brinquedo de ‘cala-te’, habitualmente dado pelos pais às crianças em situações em que estas têm de estar quietas (restaurantes, salas de espera…).
A Academia das Ciências de França emitiu um parecer em que o aconselha, a crianças menores de dois anos, desde que por períodos curtos e com acompanhamento. Colocam esta actividade no mesmo rol das habituais que favorecem o desenvolvimento sensório-motor do bebé, tal como os peluches ou os cubos de madeira.
Alertam, no entanto que deve ser por períodos curtos, acompanhada por adultos e não deve substituir outras actividades indispensáveis naquela idade. O parecer, foi elaborado em colaboração com a Fundação “La main à la pâté” e é acompanhado de um módulo pedagógico destinado aos professores do primeiro ciclo.
Por outro lado, a Sociedade Americana de Pediatria é de opinião contrária. O brasileiro Waldemar Setzer, autor do livro “Meios Electrónicos e Educação: Uma Visão Alternativa”, está também nesta linha, sendo contra o uso por crianças de tablets, telefones ou qualquer outro electrónico. Chama a esses aparelhos de “andadores mentais”. Para ele, a única “preocupação” dos pequenos deveria ser andar, falar e pensar, exactamente nessa ordem. “Nos primeiros três anos de vida, o bebê deve aprender naturalmente, ou seja, sem incentivos. E isso acontece quando ele imita o que os pais e outras crianças fazem”.
Em notícia do Público de 18.12.12. fomos informado de um inquérito de 2011, realizado pela Common Sense Media, uma organização americana que se dedica a informar pais sobre os efeitos da tecnologia e dos media. Pois constataram que 39% das crianças entre os dois e os quatro anos já usaram smartphones eiPads, número que consideram ter aumentado entretanto.
Estudos mostram que as crianças não aprendem nada de substancial (como uma língua) a partir dos ecrãs – seja de televisão, tablets ou computadores – antes dos 30 meses de idade. Um estudo de 2004 publicado na revista científica Pediatrics mostrou que as crianças com idades entre um e três anos expostas à televisão tinham tempos de atenção mais reduzidos até aos sete anos. Por outro lado, as crianças pequenas também têm dificuldades em transpor para o mundo tridimensional aquilo que vêem em ecrãs bidimensionais.
O artigo refere Allison Mistrett, fundadora e directora da Leaps and Bound, um centro de terapia ocupacional pediátrica, que diz que já viu crianças a tornarem-se peritas no jogo “Onde está o Wally” num iPad, mas não conseguirem encontrar os sapatos numa sala desarrumada…