EDITORIAL: A OLIGARQUIA QUE NOS GOVERNA

Diário de Bordo - II

 

Segunda-feira passada o engenheiro Belmiro de Azevedo foi ao Clube dos Pensadores em Vila Nova de Gaia. Segundo o Público (ver: http://www.publico.pt/politica/noticia/belmiro-de-azevedo-o-pior-e-quando-o-povo-nao-se-manifesta-1588258) o patrão da SONAE declarou achar que “a época de hoje está muito longe de ser uma época de grande desastre do ponto de vista de vivência actual”, comparando-a com alturas do século passado, em que ocorreram várias guerras. E falando sobre a economia do país defendeu que “se não for a mão de obra barata, não há emprego para ninguém”. Referiu ainda as manifestações, considerando que estas têm sido um carnaval permanente, mas que ainda bem que ocorrem. Que preferia que o Governo “não jogasse o jogo dos protestantes”, uma vez que estes “têm palco permanentemente”, um “espectáculo” prolongado por cada aparição de um ministro.  Isto entre outros considerandos.

Entretanto, na Concertação Social discute-se a subida do salário mínimo. Os sindicatos defendem que este aumente para 500 euros, os patrões também concordam, mas de uma maneira faseada. O governo é que não concorda. É de notar haver concordância entre as posições do governo e as de Belmiro de Azevedo. Vários patrões demarcam-se deste último, chegando o líder da Confederação de Comércio e Serviços a fazer votos de que ele descubra uma maneira de as pessoas poderem comprar na loja dele sem salário.

As diferentes declarações não são frases de circunstância. Resultam da situação que vivemos. As pessoas que trabalham precisam de salários melhores para poderem viver sem ser em sobressalto permanente.  A economia precisa de trabalhadores que não estejam em permanente insegurança em suas casas. Toda a gente sabe que na economia, o peso dos salários é apenas uma das componentes a considerar. E que os salários em Portugal foram sempre baixos e estão a passar a baixíssimos. Que os portugueses por causa disso tradicionalmente recorrem á emigração. Que o problema principal de Portugal é ter uma classe dirigente incompetente e que se acha insubstituível. Precisamos é de um governo que não pense como ela.

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