Continuamos a trazer aqui livros acabados de lançar, como foi ontem o caso de Diplomacia Peninsular e Operações Secretas na Guerra Colonial de María José Tiscar Santiago, e também de livros lançados há tempos, mas que entendemos dever voltar a falar. Muitos argonautas conheceram, foram amigos de Ernesto de Sousa. Trazer aqui um livro do Zé Ernesto é uma forma de recordar um homem, um cineasta, que não deve ser esquecido. Por isso, esta obra, Cartas do Meu Magrebe, cujo lançamento ocorreu em 28 de Setembro de 2011 na FNAC do Chiado, com apresentação de Carlos Vaz Marques, não é um livro para esquecer na estante. A Clara Castilho vai explicar porquê.
Pode agora ser adquirido este livro com os textos que Ernesto de Sousa (1921-1988) escreveu enquanto andou por terras do Norte de África. Tem
um prefácio de Isabel do Carmo, com quem vivia na altura e que o acompanhou nessa viagem. Resulta de uma proposta de publicação das crónicas dessa viagem, feita em 1962 ao Jornal de Notícias. Da nota biográfica que José António Salvador escreveu e saiu publicada no Diário Popular (7.10.88), na altura da morte de Ernesto de Sousa, retirei as seguintes referências: – Nos anos quarenta frequentou a Faculdade de Ciências, onde organizou a exposição de arte negra da Associação de Estudantes.
– Militou no MUD Juvenil. – Foi pioneiro na animação cultural, contribuindo para a implantação do movimento cineclubista no nosso país a partir da década de 50, ao fundar o primeiro cineclube entre nós, o Círculo de Cinema. Fez encenações no TEP, cursos de formação artística na Sociedade Nacional de Belas-Artes, instalações, exposições e happenings. – Dirigiu a revista «Imagem». Em 1962 realizou o filme «Dom Roberto», que marcou o cinema português. – Nos anos 60, quando se preparava para se deslocar a Cannes e aí receber o Prémio da Crítica pelo seu filme «Dom Roberto», foi detido pela PIDE, ficando preso na cadeia do Aljube.
Joseph Beuys e Ernesto de Sousa, Kassel, 1972