CHIPRE: O QUE PODE ACONTECER – 1 – por Ventura Leite

Nota da Coordenação: Esta primeira parte do artigo, foi-nos remetida pelo autor no passado domingo, 17. Publicamo-la agora e deve ser levada em conta a data em que foi escrito – as partes 2 e 3, que publicaremos amanhã e Segunda-feira, levam já em linha de conta esses desenvolvimentos.

As notícias ainda são algo hesitantes. Chipre é apenas 0,2% do PIB europeu, um pouco mais de um décimo do nosso.

Mas o apoio financeiro de 10 000 milhões de € decididos pela UE para ajudar os seus BPNs falidos, comparados com o 12 000 milhões previstos no pacote para Portugal, dão uma ideia da dimensão do descalabro financerio naquela pequena ilha. Parece que as ilhas afectam a cabeça aos governos locais. Deve ser alguma bactéria !!!

Mas o que está a criar mais especulação e incerteza sobre as consequências potenciais desta medida estranha é o facto das autoridades europeias terem imposto que os depositantes fossem uma peça do resgate.

Aparentemente mais de metade dos depositantes são estrangeiros, beneficiando de vantagesn fiscais. Muitos depositantes supõe-se que estejam ligados às oligarquias russas que não só aproveitavam as facilidades fiscais de um paraíso fiscal, que agora deixará de o ser, como utilizavam os bancos cipriotas para lavarem dinheiro. Estas razões terão sido as principais para a Alemanha pressionar no sentido deste tipo de solução.
No entanto há quem no meio da indignação e estupfacção lembre que esta solução é a menos má. A outra seria os bancos falirem, e os depositantes poderiam perder mais.
Mas este é um caso que serve de exemplo duma gestão louca com base na criaçaõ de uma zona franca disponível para acoljer capitais de oriegem duvidosa. De facto , não fazia muito sentido a Europa ir ajudar os bancos a pagarem aos seus depositantes ligados ao crime.

Os epositantes mais de 100 000 € de depósitos vão ter 9,9 % confiscados, e os restantes 6,75%.
Mas nesta medida os depositantes inocentes fazem parte dos sacrifícios. Mais uma vez , aqueles que se atribuem a si próprios salários escandalosos e prémios vergonhosos, criaram esta situação, e agora são os depositantes e os restantes cidadãos europeus a pagar!!!
Não ver nesta situação a incúria, para dizer o mínimo, das autoridades de supervisão e dos governos é algo que me choca.
Quando em Portugal os políticos que definiram e aprovaram o sistema de pensões e agora são confrontados com pensões de 70 000 euros por mês o que dizem?
Na Alemanha, que alguns gostam de criticar, não há pensões deste nível. Páram os descontos acima dos 6000 €. O resto é da empresa e aplicações de cada um. É o chamado sistema de três pilares.

Ou seja , as elites políticas que são as maiores responsáveis pelo descalabro actual, nomeadamente em Portugal, não aceitam naturalmente serem postas em causa por um grupo de “proto fascistas”, porque isso é populismo!!!
Há dias comentava que Islândia que não faz parte da UE, nem tem o Euro, faliu por sua culpa exclusiva. Lembrei isso porque há quem queira ver os nossos problemas com origem sobretudo no exterior. É um pouco a cultura da desresponsabilização que alguns gostam de cultivar….
É desse quadro político-cultural que vem depois a tese de que os políticos são julgados apenas nas urnas…. mesmo que da sua gestão possa resultar a ruina para milhões de pessoas.

Mas um médico , esse pode ser responsabilizado por um erro profissional…..

Na próxima terça-feira reabrem os bancos em Chipre e vamos ver o que acontece em termos de corrida aos bancos.

E vamos ver se isto em Chipre fica só por lá! Temos a Espanha, a Grécia, …. e Portugal não tem bancos muito saudáveis…..

Vou pôr uma velinha….

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