EDITORIAL – O NOSSO MUNDO NÃO É DESTE REINO?

Imagem2O Meu Mundo Não é deste Reino é uma obra de João de Melo – uma engenhosa e bem humorada versão do Génesis e da história da civilização, mas tudo passado na freguesia de Nossa Senhora do Rosário da Achadinha, uma aldeola açoriana. Há dias em que olhamos para as notícias deste universo concentracionário e não apetece comentá-las. Ainda deitámos os olhos aos jornais estrangeiros. Nada melhorou. Na aldeia global ou na povoação de Nossa Senhora do Rosário da Achadinha, reina a mesma trágica e pacóvia atracção pela insensatez e pelo improvável. Do escândalo do ministro de François Hollande, ao escândalo da infanta no reino aqui ao lado e à crise nas Coreias… Voltámos à aldeola onde, a  maioria parlamentar PSD/CDS chumbou a moção de censura do PS – 131 votos contra os 97 da oposição. Como aspecto positivo, o facto de o PCP e o PEV, bem como o BE, terem votado a favor, não tendo havido abstenções. Palmas dos deputados da maioria e no encerramento do debate da moção de censura, Paulo Portas,  ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, apontou as fragilidades da moção de censura socialista. As quais existem. Mas há momentos em que nos parece ter passado para o outro lado do espelho.

 Um ministro democraticamente improvável, sobre o qual impendem suspeições graves, ligado a um partido minoritário que o eleitorado decididamente não escolheu, dá lições no parlamento, um primeiro-ministro de currículo medíocre e manifestamente incapaz, numa Assembleia presidida por uma senhora que se reformou por incapacidade, com um presidente da República que, para além de tudo o mais e embora por «motivos académicos», reconheceu ter colaborado com a polícia política do salazarismo…

Para animar, vamos ter amanhã a estreia na RTP I de Morais Sarmento e de José Sócrates no domingo. Dois improváveis comentadores que, por certo, estribados nas suas respectivas práticas políticas, vão apontar as fragilidades desta improvável democracia.

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