por Rui Oliveira
O espectáculo a que daríamos destaque nesta Sexta-feira, 7 de Junho terá lugar na Sala Principal do Teatro Maria Matos (MMTM), às 21h30, e resulta duma colaboração da Gulbenkian Música com o MMTM.
Trata-se duma produção do LOD/muziektheatre intitulada “Les Pendus” (que traduziríamos por “Os Enforcados”), resultante duma concepção (texto e direcção teatral) de Josse de Pauw com música de Jan Kuijken, interpretada em latim e holandês (com legendagem em português).
Os intérpretes são os actores Han Kerckhoffs e Hilde Van Mieghem e os cantores da VocaalLAB Nederland Janneke Daalderop (soprano), Ekaterina Levental (meio soprano), Steven van Gils (tenor), Lidewei Loot (voz criança). A música é executada pela Orchestre Royal de Chambre de Wallonie (sob a direcção musical de Etienne Siebens) e por Jan Kuijken (violoncelo).
O desenho de luzes é de Enrico Bagnoli e os figurinos de Greta Goiris.
A ópera (assim a podemos chamar) “Les Pendus” fala das pessoas que, ao longo dos séculos, se recusaram a aceitar cegamente o que é geralmente aceite ou imposto pelas autoridades, que não tiveram medo de questionar o status quo e assumiram publicamente as suas convicções. Pessoas que reivindicaram a liberdade e muitas vezes morreram por ela.
Esta nova colaboração entre o escritor Josse De Pauw e o compositor Jan Kuijken é uma homenagem ao pensamento crítico e à liberdade de expressão. Ao longo da narrativa, orações em latim marcadas pela angústia e pela compaixão oferecem contexto, enquanto actores expõem as ideias e os sentimentos dos pensadores e visionários que estão no centro da obra em holandês.
Eis um excerto da sua representação em Bruxelas em Abril de 2011 :
O Festival Flamenco de Lisboa, sediado em parte no Centro Cultural de Belém, tem aí, no seu Pequeno Auditório, às 21h desta Sexta-feira, 7 de Junho, o espectáculo “El Tablao de Carmen Amaya” que visa render homenagem à grande bailaora Carmen Amaya.
Nascida em 1913 no Somorrostro, o bairro cigano que existia no local onde se situa actualmente a Vila Olímpica de Barcelona, Carmen estreou-se em 1929 para o Rei Alfonso XIII, nos terrenos que hoje ocupa o Tablao de Carmen, por ocasião da inauguração do “Poble Espanyol de Montjuic”.
Participam nessa homenagem Manuel Jimenez “Bartolo”, Miguel Fernandez “Yiyo”, Juan Fernandez “Juaneke”, Manuela Ríos, Lucia Alvarez “La Piñona” e “El Perla”.
Um quadro desse “Tablao de Carmen” em Barcelona (2010) pode ser visto aqui :
Os leitores interessados têm mais dois bons momentos de canto e sapateado respectivamente aqui e aqui .
Quem se deslocar nesta Sexta-feira, 7 de Junho ao Grande Auditório da Culturgest, às 21h30, terá a oportunidade de assistir ao concerto de apresentação do primeiro álbum de jazz a solo do pianista Filipe Raposo intitulado “A Hundred Silent Ways”, uma produção da “AMG music”, com fotografia de Egle Bazaraite/Nuno Bouça.
Nas palavras do próprio compositor «”Procuro sempre o silêncio. O silêncio para escutar o mundo – o silêncio como espaço poético”. A “Hundred Silent Ways” é um concerto para piano solo que explora uma abordagem livre, contudo conceptual, deste “não lugar” que é o silêncio. Nasce da necessidade de conhecer ou tomar consciência deste território entre territórios, deste espaço que liga duas composições distintas que apenas comunicam através desse mesmo silêncio. Compor permite-me conhecer esta realidade e habitá-la. Ao criar, “um outro flui”, e assim conheço …
… No seguimento do trabalho desenvolvido em trio em “First Falls”, neste disco a solo continuo a explorar os três universos que contêm a síntese do meu trabalho: o da música tradicional, onde são estilizados ritmos e melodias; o da música erudita, que contamina o conceito de forma e a concepção harmónica; e o da música improvisada, que atravessa toda a minha música …»
É desse álbum anterior (pois este ainda não tem registo público) que lhe mostramos o tema central, aqui tocado pelo trio com Yuri Daniel (fretless) e Vicky Marques (bateria) :
No Auditório do Museu Fundação Oriente esta instituição, na Sexta-feira, 7 (e também a 8 de Junho), às 21h30, acolhe (nas suas palavras) «o melhor da cultura chinesa com um espectáculo de música, dança e canção por um dos mais cotados grupos de música étnica da China. Trata-se da Companhia de Música e Danças Étnicas de Chengdu, um agrupamento de músicos, bailarinos e cantores que interpreta o melhor da música étnica da província de Sichuan. Vindo de Chengdu, a sua capital provincial onde vivem minorias étnicas como os Hans, os Tibetanos, os Yis e os Qiangs, este espectáculo inclui música, dança e canto folclóricos daquelas quatro minorias.
Uma das mais importantes actualmente da China, esta companhia actuou nos Jogos Olímpicos de Beijing e na Expo de Xangai.
Os 16 quadros do show iniciam-se com Qiaohuadan, um quadro em torno de Hua Dan, uma personagem feminina da ópera chinesa, para terminar com a actuação de grupo Tiandijixiang (“Céu e Terra Auspiciosos”), dança multi-étnica representa a diversidade da nação.
O programa em pormenor encontra-se aqui .
Perto do seu final, o festival de marionetas FIMFA Lx13 leva ao Teatro Nacional D. Maria II desde Sexta-feira, 7 de Junho, às 21h15, até Domingo 9, às 16h15, o espectáculo nele integrado “Kefar Nahum”, onde a marionetista-feiticeira Nicole Mossoux cria (diz o FIMFA) «cenas surpreendentes, imagens inesquecíveis, simultaneamente cómicas e assustadoras. Jogos de poder e cópulas monstruosas, direitos feudais e violência inexplicável ocorrem num desenrolar de procissões. Tudo é possível neste mundo, onde a sugestão abre a porta aos sonhos mais obscuros e sombrios. É a história da Criação, um grande projecto que correu muito mal, onde as pessoas não se conseguem relacionar e, por isso, devoram-se umas às outras. Até a própria marionetista não consegue escapar…
Um universo fantástico acompanhado por uma banda sonora realizada ao vivo por Thomas Turine, que cria um ambiente impressionante, cheio de suspense».
A concepção e coreografia são de Nicole Mossoux, que interpreta, além de encenar com Patrick Bonté, sendo a música (como dissemos) de Thomas Turine.
Este é o trailer da Companhia Mossoux-Bonté em Janeiro de 2010 :
Por último, duas notas cinematográficas, ambas ligadas ao cinema brasileiro, por curiosidade.
Um dos destaques da programação que ontem divulgámos da Première Brasil Lisboa será a sessão especial do filme “Flores Raras”, aberta ao público, que terá lugar às 21h desta Sexta-feira, 7 de Junho no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém.
A película, com estreia prevista para Agosto nas salas de cinema brasileiras, do realizador Bruno Barreto (foto), relata o encontro, no contexto particular do Brasil dos anos 60, de duas mulheres à frente do seu tempo: Elisabeth Bishop (interpretada por Miranda Otto), poetisa norte-americana que ganhou o Prémio Pulitzer, e Lota de Macedo Soares (personificada por Glória Pires), arquitecta carioca impulsionadora de importantes projectos urbanísticos da cidade do Rio de Janeiro como a construção do Parque do Flamengo. O argumento do filme é baseado no livro “Flores Raras e Banalíssimas”, de Carmen Lucia de Oliveira.
A exibição de gala do filme contará com a presença da actriz brasileira, assim como dos produtores do filme Lucy e Luiz Carlos Barreto, responsáveis na “LC Filmes” por obras incontornáveis do cinema brasileiro como “Dona Flor e Seus Dois Maridos” ou “Bye-bye Brasil”.
Mostramos-lhe o seu filme-anúncio :
Outra iniciativa interssante é a Mostra Itinerante do Cinema Indígena Brasileiro patrocinada pela Casa da América Latina, a decorrer já desde 3 de Maio e que encerra nesta Sexta-feira, 7 de Junho. Ela pretende dar a conhecer filmes de autor ou produção indígena, perspectivando-os seja pelo prisma etnográfico (o indígena que se apropria do meio audiovisual e que, deste modo, se faz representar, desconstruindo as representações que dele já fizeram), seja pela sua proposta cinematográfica (o cineasta que a partir de uma cultura visual tão diversa da ocidental urbana olha, filma e faz cinema).
Neste último dia será exibido na Casa da América Latina, às 18h, o filme “Pi´Õnhitsi – Mulheres Xavantes sem nome” (2009), com comentários de Daniel Ribeiro Duarte e Cristina de Branco, os curadores da Mostra realizada pela associação cultural Tagus Atlanticus.
Sinopse : Desde 2002, Divino Tserewahú tenta produzir um filme sobre o ritual de iniciação feminino, que já não se pratica em nenhuma outra aldeia Xavante, mas desde o começo das filmagens todas as tentativas foram interrompidas. No filme, jovens e velhos debatem sobre as dificuldades e resistências para a realização desta festa.
Eis o seu trailer :
(para as razões desta nova forma de Agenda ler aqui ; consultar a agenda de Quarta aqui)
Caro bloguer, o meu nome é Filipe Raposo, e desde já obrigado pela divulgação do concerto na Culturgest. Apenas uma pequena errata, o som não vai estar a cargo do Pedro Coelho nem haverá vídeo, como era esperado ao início.
Obrigado pela correcção