EDITORIAL – MAIS UMA VIOLAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO

Imagem2A greve é um acto colectivo pelo qual os trabalhadores descontentes suspendem o trabalho enquanto os patrões não atenderem as suas reivindicações. É uma definição muito simples e dicionarística de greve. Termo que vem do francês grève. Já agora, saibamos porquê.

A palavra francesa grève significa,  “terreno plano coberto de areia ou cascalho junto do mar ou na margem de um rio”. O vocábulo correspondente em português talvez seja areal.  No seu Dicionário Etimológico, José Pedro Machado, explica numa entrada desenvolvida e com transcrições abonatórias, que a palavra, na acepção reivindicativa, tem origem na Place de Grève, em Paris, um largo na margem do rio Sena com um cais onde acostavam barcos e onde se reuniam operários sem trabalho. Daí o surgimento da nova acepção do vocábulo, usado pela primeira vez no final do século XVIII. A primeira greve de que há registo em Portugal foi a dos operários de fundição e serralharia em 1849. Nos últimos anos da Monarquia e durante a I República, o recurso dos trabalhadores à greve foi frequente. Durante a ditadura, as greves foram em geral dura, brutalmente, reprimidas. A Constituição de 1976 consagrou o direito à greve, especificando que «Compete aos trabalhadores definir o âmbito de interesses a defender através da greve, não podendo a lei limitar esse âmbito».

As greves convocadas pelas centrais sindicais são em regra simbólicas, meras ritualizações do sentido original de greve, visto que, em geral, os trabalhadores que aderem faltam um dia, mas depois prosseguem a sua actividade. As greves de protesto, não são bem greves, digamos que são manifestações ritualizadas de descontentamento, sinais que os trabalhadores enviam ao governo e aos concidadãos. Se não incidem sobre os concidadãos, tornam-se ainda mais inócuas..Na greve dos professores às avaliações, o governo, ao procurar negociar ao mesmo tempo que faz chantagem pondo alunos e encarregados de educação do seu lado, está a violar a Constituição.

Por que será que não ficamos surpreendidos?

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