Faz hoje um ano que faleceu a pintora Maria Keil.
Maria, a menina de Silves, onde assistiu às greves operárias e confrontos com a polícia.
Maria, a menina com uma infância triste e quase impossível de imaginar, às bolandas de familiar para familiar, sem encontrar um colo específico que a acolhesse.
Maria a quem lhe diziam: “Pensas que é a fazer bonecos que se ganha a vida, pensas?”.
Maria que não gostou muito da Escola de belas Artes em Lisboa, pois o ensino era mais de cópia de desenhos do que criativo.
Maria que casou com Franciso Keil do Amaral, aos 19 anos e deixou a Escola, considerando que foi a sua sorte pois aprendeu à sua custa e com quem sabia.
Maria que se integrou num grupo de intelectuais, em tertúlias onde tudo se discutia.
Maria Keil que fez a sua primeira exposição individual aos 25 anos, na Galeria Larbom, em Lisboa.
Maria que dizia não saber cozinhar e achava que isso lhe dificultava a relação com as pessoas, mas cujas ervilhas com ovos escalfados lembro com ternura.
Maria que ilustrou maravilhosamente inúmeros livros de literatura infantil e não só.
Maria cujas obras vemos nas paredes de Lisboa, nos belos azulejos que cobrem alguns dos seus muros (que esperamos sejam conservadas…).