Eduardo Pondal, o bardo galego

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Depois de Rosalia de Castro, em 1963, e de Daniel Castelão, em 1964, o 3º Dia das Letras Galegas, em 1965, foi dedicado ao “bardo” Eduardo Pondal.
Eduardo Pondal nasceu a 8 de Fevereiro de 1835, em Ponteceso, e morreu em 8 de Março de 1917, na Corunha. Exerceu medicina durante um curto período mas abandonou a carreira médica e foi às letras que se dedicou.
Tendo embora também escrito em castelhano, como é o caso de Rumores de los pinos obra publicada em 1877 e que reune poemas em castelhano e galego, Eduardo Pondal orienta a sua escrita para a recuperação e exaltação da língua e cultura galegas e defesa da liberdade do povo galego.
É dele a letra do hino nacional galego, Os Pinos, musicado por Pascual Veiga, e que corresponde a partes do poema Queixumes dos pinos, de 1886, o qual ampliava e recuperava da versão bilingue dos pinos de 1877 as composições em galego e incluía outras antes em castelhano e reescritas em galego.

Hino Galego – Os Pinos (Os Pinheiros)

Que dim os rumorosos

na costa verdecente,

ao raio transparente

do plácido luar?

Que dim as altas copas

de escuro arume arpado

c’o seu bem compassado

monótono fungar?

Do teu verdor cingido

e de benignos astros,

confim dos verdes castros

e valeroso clam,

nom dês a esquecimento

da injúria o rude tono;

desperta do teu sono,

fogar de Breogám.

Os bons e generosos

a nossa voz entendem

e com arroubo atendem

ao nosso rouco som,

mas só os ignorantes

e férridos e duros,

imbecis e obscuros,

nom nos entendem, nom.

Os tempos som chegados

dos bardos das idades,

que as vossas vaguidades

cumprido fim terám,

pois, onde quer, gigante,

a nossa voz pregoa

a redençom da boa

naçom de Breogám.

A invocação da Galiza, que deve despertar e empreender o caminho da sua libertação, é feita de forma metafórica por referência à nação de Breogã, guerreiro mitológico celta e pai fundador da Galiza, e primeiro título do texto enviado por Eduardo Pondal a Pascual Veiga a solicitação deste.
Cultivando também a lírica, a poesia de Eduardo Pondal é fortemente épica, marcada pelo helenismo e celtismo em que canta o passado, lendas, mitos e gestas dos heróis céltico-galegos.
Essa dimensão está presente não só em Queixumes dos pinos mas também noutro extenso poema épico – Os Eoas – baseado na descoberta do continente americanos, a que Pondal atribuía grande importância mas do qual só publicou um primeiro rascunho em vida e depois só publicado como obra póstuma, em 2005.

Em Pondal encontra-se igualmente o apreço por Camões e afecto por Portugal, como país irmão e aliado desejado e com quem a Galiza partilha a língua, diferente duma Castela que lhes nega nação e língua:

que além Minho estão,

os bons filhos do Luso,

apartados

irmãos

nossos por um destino

invejoso e fatal.

Com os

robustos acentos,

grandes os chamarás,

verbo do grã

Camões

fala de Breogã!

Leitura dum poema de Eduardo Pondal

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