No dia 8 de Agosto de 1975, faz hoje 38 anos, o V Governo Provisório tomava posse. Liderado, tal como o anterior executivo, por Vasco Gonçalves, não integrava figuras carismáticas como Álvaro Cunhal, Mário Soares, Magalhães Mota… que tinham feito parte do IV Governo. Aparentemente, era uma vitória da Esquerda, pois o eixo do poder passara a ser dominado por três homens – pelo presidente da República, Costa Gomes, pelo primeiro-ministro, Vasco Gonçalves, e pelo comandante do COPCON, Otelo Saraiva de Carvalho. A revista TIME, de dia 11, punha na capa – “AMEAÇA VERMELHA EM PORTUGAL” e mostrava os rostos que compunham aquilo a que chamou «a troika de Lisboa” – Vasco Gonçalves, Costa Gomes e Otelo. Os dois primeiros, conotados com o Partido Comunista e com Otelo, que a vox populi relacionava com a Esquerda Revolucionária (PRP, MES, UDP…), assumia corpo o papão do «comunismo antropófago» que Mário Soares, semanas antes, no famoso comício da Fonte Luminosa anunciara, concentrando as baterias na direcção do PCP, na Intersindical e nas Forças Armadas – paranóicos e irresponsáveis, foram adjectivos usados.
Com a sua proverbial miopia, a direita e o Partido Socialista, pareciam não entender que a Esquerda estava fortemente dividida e que a Troika, a exemplo do que acontecia no seio das Forças Armadas, continha no seu interior o germe de uma divisão que iria dar todos os trunfos da jogada a uma troika branca – Francisco Sá-Carneiro, Mário Soares e a Frank Carlucci. A “ameaça vermelha” não se confirmaria – o “socialismo em liberdade e de rosto humano” que se contrapunha aos que devoravam criancinhas ao pequeno-almoço, vinha aí – luminoso como a fonte onde foi pronunciado o discurso, libertador, e com troikas muito mais simpáticas…
El sueño utópico fue domesticado. ¡Cuánta ilusión para o lixo en los campos do Alentejo!