SAÍDA DO EURO – A MINHA RESPOSTA. Por JÚLIO MARQUES MOTA

O argonauta Júlio Marques Mota responde à pergunta que ele próprio formulou

À pergunta formulada

Eis pois a questão que levanto aqui e agora,  uma vez que Portugal se recusa viver em autarcia como um país pequeno que é,   uma vez que a saída da zona euro unilateral é também ela inaceitável, uma vez que a saída apoiada pela UE é , por seu lado, impraticável, e tendo ainda em conta o conjunto,  caracterizado pela ignorância, ganância e maldade,  destes que nos governam,  seja  a nível regional seja  a nível nacional, então o que fazer para não se morrer, mesmo que lentamente (!)  com estas políticas que estão e estão mesmo para durar e  talvez mais de dez anos, de acordo com as declarações de Jens Weidmann ao Wall Street Journal

eis a minha resposta

A minha resposta à pergunta feita no blog sobre o permanecer ou sair do euro

PARTE VI
(CONTINUAÇÃO)

Podemos confrontar a realidade inglesa quanto ao desemprego em termos de taxa de  desemprego, de acordo com o gráfico acima, com o que se passa na Europa, conforme se ilustra no gráfico abaixo

Gráfico XXII: Taxa de Desemprego na Europa em percentagem

júlio - XXI

Ao visualizarmos o gráfico XXII podemos observar a evolução do crescimento na Inglaterra e nos dois grandes espaços económicos e verificamos o paralelismo entre as três taxas de crescimento a anunciar-nos uma coisa bem simples: o problema de base está no modelo económico que está ele subjacente a toda a construção europeia e que é ele também comum à Inglaterra e aos Estados Unidos e os dados apresentados indicam claramente que o problema estará ou passará exactamente por aí. A seguir a este problema acrescentam-se os problemas que são derivados especificamente da zona euro, das falhas na sua arquitectura e da incompetência ou maldade de muitos dos seus dirigentes. E é por isso que a Inglaterra, estando muito mal, não é, porém, igual à Grécia, mas onde se agravam já os maus resultados do modelo neoliberal em tempos de crise. Uma demonstração inesperada dos efeitos altamente perniciosos do modelo e da estrutura em que está assente a União Monetária.

Gráfico XXIII: Taxa de Crescimento Económico no UK, na UE e nos EUA

JMM - XXII

Podemos agora “olhar” para dentro do modelo na UE e decompor a sua taxa de crescimento nas diversas taxas que a definem.

Gráficos XXIV e XXV: Taxa de Crescimento Económico em diferentes países da União Económica

Gráfico XXIV

Júlio - XXIII

Gráfico XXV

Júlio - XXIV

Estes exemplos mostram portanto os limites do quadro inglês para se sair da crise num quadro recessivo, um quadro necessariamente mais favorável do que o que se passa na maioria dos países da zona euro mas que não nos leva, mesmo assim, a lado nenhum, a não ser pela lição que nos dá, e essa é extremamente importante, a de que sem a saída do modelo neoliberal, o modelo com o qual se gerou a crise, não haverá nenhuma saída para esta mesma crise. Com ou sem euro. Com efeito, apesar das “vantagens” de não estar no euro o crescimento económico na Inglaterra está ao nível do crescimento económico verificado nos países da periferia da zona, sendo de assinalar o comportamento de Portugal acima mostrado. Diremos que ao nível do crescimento económico, as vantagens de que usufrui praticamente não são sentidas. E o exemplo da Inglaterra é mais flagrante porque não está no euro. Permite-se desvalorizar para tornar as suas exportações mais competitivas, mas os efeitos conjugados das elasticidades preços do exterior e das políticas recessivas dos seus principais parceiros neutralizam esta arma e a economia não é então dinamizada. Seca-se a dinâmica externa. Paralelamente, como o modelo é o mesmo, pressionam-se os salários à baixa, contrai-se a procura interna, e a espiral recessiva continua. E no entanto ainda beneficia de uma moeda que os pequenos países da periferia não têm, dispõe igualmente de um poder económico que cada país da periferia não tem, dispõe igualmente da City, refinancia-se aos mesmos valores que a Alemanha, coisa que no Sul não se consegue e, mesmo assim, está-se na Inglaterra atolado numa profunda crise.

(continua)

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Para ler a parte V, publicada ontem em A Viagem dos Argonautas, vá a:

http://aviagemdosargonautas.net/2013/08/19/saida-do-euro-a-minha-resposta-por-julio-marques-mota-5/

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