EDITORIAL – UMA SELVA CHAMADA BLOGOSFERA

Imagem2Vamos no próximo dia um de Setembro comemorar o segundo aniversário de funcionamento. Foi no dia um de Setembro de 2011 que iniciámos as nossas edições regulares (após um período experimental durante o mês de Agosto. Os números que podemos exibir, revelando um crescimento contínuo, não impressionam ninguém. Mas não vamos falar hoje de estatísticas, reservamo-las para a edição do aniversário. Dizemos só que registamos um crescimento assinalável, sobretudo revelando uma percentagem elevada de visitas e de leituras oriundas do Brasil, do Estado espanhol, de Angola…

A defesa do pluralismo tem-nos valido críticas internas. Julgamos, no entanto, estar demonstrado que essa vaeriedade de opiniões é a nossa característica dominante. Também não vamos voltar a justificar esse aspecto (importante) do nosso critério editorial. Um amigo do nosso blogue tem por diversas vezes dito que a nossa atitude de não publicar nada sem autorização expressa dos autores ou dos editores lhe dá vontade de rir – «se não existíssemos, teríamos de ser inventados», conclui. Já lhe explicámos que não se trata de um legalismo medroso. Temos uma equipa grande, constituída por pessoas que, na nossa opinião, escrevem bem e expõem de forma clara as suas ideias. Não temos necessidade de piratear textos. Cada vez seremos mais exigentes nesse aspecto – só publicamos textos de quem concorda em os publicar no nosso blogue. Este respeito pelo Código do Direito de Autor não irá moralizar a blogosfera que continuará a ser uma selva. A proibição de utilizar a internet para veicular mensagens da propaganda eleitoral para as eleições autárquicas do próximo dia 29 de Setembro, constitui uma medida sensata, embora de aplicação difícil. Como vai a CNE fiscalizar um tráfego monstruoso de mensasgens? Basta que os partidos não assinem as mensagens para que a propaganda possa ser levada a cabo.

A Liberdade é uma coisa diferente das «liberdades». Uma cidade sem vigilância e sem manutenção da ordem, não é uma cidade livre – é uma cidade dominada pelo terror e governada pela marginalidade. Um meio de comunicação sem regras, não é um meio livre. O poder dizer-se tudo é tão negativo como nada se poder dizer. A blogosfera é um espelho do sistema democrático que temos – um aliado do pensamento único. Uma nova forma de fascismo que assenta na desvalorização do pensamento crítico. Pode dizer-se tudo e, como se sabe, a inflação destrói qualquer moeda.

 

6 Comments

  1. Obrigado, Francisco Tavares, pela sua mensagem. O apoio dos nossos leitores é fundamental para a nossa Viagem. Continue connosco. Quando ler alguma coisa que não lhe agrade, não hesite em dizer, por favor. Um grande abraço.

  2. Abstraindo do seu rigor global, há uma mensagem importantíssima neste editorial, que decorre da atitude, intransigente e claramente expressa, de respeito pelos direitos de autoria dos textos, isto é de respeito “pelo outro”, fundamento da dignidade que queremos (ou não…) manter, como seres humanos – e que pressupõe o reconhecimento da dignidade do outro.
    É uma atitude que parece ser entendida por alguns, com certa displicência, como ingénua, talvez pouco “pragmática”. Mas que pode e deve ser entendida como afirmação de princípio irredutível, extensível a todas as áreas da vida em sociedade e, mesmo, a uma concepção filosófica.
    Se há uma “prática corrente” que torce a ética, mas vai sendo “admitida” por cada vez mais gente, em nome de uma das mas espessas boçalidades que mais frequentemente oiço e leio – “então, se toda a gente faz o mesmo…” – a única atitude séria, coerente e que, pela perseverança nela, há-de ir arregimentando mais e mais apoiantes, é NÃO FAZER O QUE TODA A GENTE FAZ, antes O QUE CONSIDERAMOS ESTAR CERTO. O contrário é a desistência dos princípios, o reconhecimento intempestivo da derrota e, reconheçamo-lo, a confissão de uma triste fragilidade de carácter.
    Há questões que parecem não ter importância, mas nas quais a ilusória e quase simpática “pequena transigência” facilita uma sucessão de cedências, cada vez mais amplas, que desagua precisamente no mar de corrupção e desonestidade, que ameaça submergir por completo o mundo actual, onde quem começou por meter o dedo do pé acabará por aceitar mergulhar por inteiro.
    É bom que, de vez em quando, se separem as águas e se reafirmem estas coisas “pequenas”.

    1. Obrigado Paulo.
      A nossa maneira de estar na blogosfera, não é negociável – quando não pudermos estar como estamos, deixaremos de estar. Compreendeste plenamente o que quisemos dizer. Um abraço.

  3. Para que a viagem não se torne um tormento,no mar revolto desta rota ,é agradável saber que outros concordam que as regras,em liberdade,são a única garantia de salvar a nau,a tripulação e os passageiros que por aqui vão passando.Parabéns,feliz aniversário e acima de tudo,atenção ao leme.

    1. Muito obrigado, José Cruz de Magalhães. As regras em Liberdade são indispensáveis à conservação da própria Liberdade. Sartre disse que «a desordem é o melhor servidor da ordem estabelecida». Temos atenção ao leme, embora repudiemos a imagem dos «grandes timoneiros». As metáforas são úteis, mas às vezes são incómodas se lhes queremos ser fiéis – A nossa Argos tem tantos rumos quantos os tripulantes. Cada um dos mais de 50 argonautas é o timoneiro da sua própria rota. A preocupação de quem coordena é não permitir que se queira alterar as rotas alheias. E se há uma orientação comum, a Liberdade é estrela pela qual todos nos guiamos

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