CELEBRANDO ANTÓNIO DOS SANTOS – 4 – por Álvaro José Ferreira

(Conclusão)

Fado É Canto Peregrino

 

Letra: Augusto Mascarenhas Barreto Música: António dos Santos Intérprete: António dos Santos* (in EP “Fado É Canto Peregrino”, Columbia/VC, 1968; LP “Minha Alma de Amor Sedenta”, Columbia/VC, 1972, reed. Valentim de Carvalho/Som Livre, 2007)

Fado é canto peregrino,

Fado de ontem é saudade,

Fado de hoje é ansiedade,

O de amanhã é destino.

Nasce quando nasce a lua,

Morre ao alvor matutino,

Vagueia de rua em rua:

Fado é canto peregrino.

Se recorda uma aventura

Da risonha mocidade

É lembrança que perdura:

Fado de ontem é saudade.

Canto da alma perdida

Pelos cantos da cidade

É mágoa da própria vida:

Fado de hoje é ansiedade.

Tem sempre um quê de pecado,

Algo também de divino;

Amor que passou é fado,

O de amanhã é destino.

* António Pessoa – viola Liberto Conde – viola baixo Técnico de som – Hugo Ribeiro Remasterizado por Luís Delgado, nos Estúdios Tcha Tcha Tcha, Miraflores

Gaivotas em Terra

Letra: Augusto Mascarenhas Barreto Música: António dos Santos Intérprete: António dos Santos* (in EP “Fado É Canto Peregrino”, Columbia/VC, 1968; LP “Minha Alma de Amor Sedenta”, Columbia/VC, 1972, reed. Valentim de Carvalho/Som Livre, 2007)

Gaivotas em terra, de asas fechadas,

Marujos sem rumo, num banco dum bar;

Barcaças dormentes, no cais ancoradas,

Meninas morenas que pensam casar…

Preciso é que voem, que batam as asas;

Preciso é que deixem as altas janelas;

Preciso é que saiam as portas das casas;

Preciso é que soltem amarras e velas…

Marujos sozinhos, pensando outro mundo…

Meninas em casa, fiando desejo…

Preciso é que cruzem seu olhar profundo;

Preciso é que colem as bocas num beijo!

Mãos de marinheiro não temem procelas,

Se houver outras mãos, p’ra além vendaval;

Rezando por ele e tecendo outras velas

Mais brancas, mais belas, do seu enxoval!

* António Pessoa – viola Liberto Conde – viola baixo Técnico de som – Hugo Ribeiro Remasterizado por Luís Delgado, nos Estúdios Tcha Tcha Tcha, Miraflores

Minha Alma de Amor Sedenta

Letra e música: António dos Santos Intérprete: António dos Santos* (in EP “Alfama-Lisboa”, Columbia/VC, 1964; LP “Minha Alma de Amor Sedenta”, Columbia/VC, 1972, reed. Valentim de Carvalho/Som Livre, 2007)

Minha alma de amor sedenta,

Barco sem rumo e sem Deus,

Anda à mercê da tormenta

Desse mar dos olhos teus.

Essa dádiva total,

Que me pedes hora a hora,

É o que minha alma te dá

Quando de amor por ti chora.

Se um dia te perder

Jurarei virado aos céus;

E os perdões que Deus me der,

Meu amor, são todos teus.

 

É uma causa perdida

O ser proibido amar:

Quem perde um amor na vida

Jamais devia cantar.

* António Pessoa – viola Técnico de som – Hugo Ribeiro Remasterizado por Luís Delgado, nos Estúdios Tcha Tcha Tcha, Miraflores

As Tuas Mãos

Letra: Figueiredo Barros Música: António dos Santos Intérprete: António dos Santos* (in EP “Alfama-Lisboa”, Columbia/VC, 1964; LP “Minha Alma de Amor Sedenta”, Columbia/VC, 1972, reed. Valentim de Carvalho/Som Livre, 2007)

 Ai, senhora, as tuas mãos

São torres de catedral

Em que se acolhe meu corpo

Cansado de tanto mal.

As tuas mãos são o oásis

Onde encontro o lenitivo

Para o cansaço da vida

Que vou tendo sem motivo.

As tuas mãos são a manta

Que me cobre a nudez

Desta miséria que sinto

E que eu vejo e tu não vês.

* António Pessoa – viola Técnico de som – Hugo Ribeiro Remasterizado por Luís Delgado, nos Estúdios Tcha Tcha Tcha, Miraflores

Ficas a Saber

Letra: Maria Alexandrina Música: António dos Santos Intérprete: António dos Santos* (in EP “Fado É Canto Peregrino”, Columbia/VC, 1968; LP “Minha Alma de Amor Sedenta”, Columbia/VC, 1972, reed. Valentim de Carvalho/Som Livre, 2007)

Tinha um coração e dei-to,

E agora que não é meu

Sinto até no meu peito

Outro maior do que o teu.

 

Foi só depois de eu dizer

Que te amava loucamente

Que tu quiseste saber

Quanto é que um louco sente.

 

Todo o amor repartido

Ensina à gente a maneira

De ter num beijo sentido

O sabor da vida inteira.

 

Porque num beijo trocado

Com amor louco e profundo

Fica um tratado assinado

Mais forte que as leis do mundo.

 

* António Pessoa – viola Liberto Conde – viola baixo Técnico de som – Hugo Ribeiro Remasterizado por Luís Delgado, nos Estúdios Tcha Tcha Tcha, Miraflores

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