NOS CORNOS DO TOURO – por António Mão de Ferro

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Há quem diga que certas pessoas, orgulhosas dos seus canudos, têm atitudes arrogantes que muitas vezes levam a fracassos financeiros. Será que os que dizem isto estarão a fazer a apologia da ignorância? Certamente que não. Eles estão a chamar a atenção para um aspeto que passa despercebido nos estudos. Nalguns casos, pessoas formadas saem da faculdade para a gestão das empresas e como até aí não fizeram mais nada do que estudar, ignoram por completo o que é o mundo do trabalho. Debateram teorias atrás de teorias, falaram de centenas de autores, mas não cuidaram de perceber o modo como se move o tecido empresarial e a evolução dos mercados.

É por isso que muitos gestores se precipitam para os cornos do touro, convencidos da sua sapiência. O problema é que ao fazê-lo arrastam consigo colaboradores da empresa. Esquecem-se de que o problema crucial do nosso tempo é ter um pensamento apto a responder ao desafio da realidade. Um pensamento que tenha em atenção as interações e implicações dos atos que tomam, considerando os múltiplos fenómenos de uma organização e das suas realidades, que são ao mesmo tempo solidárias e conflituais. Por se esquecerem disto, mesmo quando estão a sangrar por todos os lados e vêm de rastos os que levaram com eles para a cabeça do touro, continuam a apregoar que têm razão. O touro é que não colaborou! Grande malandro!

Procuram resolver as situações baseados em teorias que leram em livros ou que lhes foram impingidas, convencidos de que estão a atuar bem. Porém tomar decisões não é o mais complicado, o mais difícil é a eficácia da sua concretização.

Os tempos estão difíceis e os paradigmas alteraram-se muito. A velha ordem está a dar lugar a uma outra em que todos os colaboradores têm que intervir, mesmo que não estejam totalmente satisfeitos com o rumo da empresa. São precisas pessoas especializadas no impossível, porque as coisas só o são até que alguém as faça pela primeira vez. Agora mais do que nunca, as empresas precisam de génios, porque os génios não vêm as coisas como normalmente são vistas.

Mas por muita genialidade que exista há uma coisa que é preciso ter presente: antes de partir para a cabeça do touro, há que ter em conta os recursos disponíveis e as caraterísticas e competências dos que em conjunto geram sinergias, para que a tarefa não os deixe a sangrar e a terem como única possibilidade a de optarem pelo chifre sobre o qual querem morrer!

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