“Arranjinho” político da maioria PP-PSD-PR – por Mário de Oliveira

Do Jornal Fraternizar de 8 de Novembro, aqui traanscrito com autorização expressa do autor

Veio o Relatório da OIT e “esfrangalhou-o”!

Inesperadamente, o Relatório da OIT-Organização Internacional do Trabalho, uma instituição credível e acima de toda a suspeita, veio esfrangalhar o “arranjinho” político da maioria PP-PSD-PR (leia-se, Partido Popular, Partido Social-democrata, Presidente da República), cujo OE 2014 tem estado a ser discutido na Assembleia da República e votado na especialidade. Com os deputados da chamada Oposição a gastarem tempo e saliva, numa ingenuidade política de todo o tamanho, já que nem sequer se dão conta de que, com a sua declarada oposição activa, estão a dar ainda mais legitimidade a um OE que atira o País e as populações que o constituem, para a miséria imerecida e para a emigração forçada, numa União Europeia completamente prisioneira do Poder financeiro global, concretamente, da toda-poderosa Alemanha de Merkel, a dama de ferro que faz ver a todos os machos. Ou o Poder, todo o Poder, não fosse macho e não odiasse o Princípio Feminino, o único capaz de dar à luz um tipo de mundo outro, onde a Vida, as Pessoas concretas, a Verdade, a Justiça, a Liberdade, a Comensalidade são estruturais, não meros conceitos vazios, ou cheios de coisa nenhuma.

 Por esta “intromissão” institucional da OIT, é que a maioria PP-PSD-PR não esperava. E o PR já começou a tentar tirar a água do capote, em apressada e mal preparada cavaqueira com alguns jornalistas pés-de-microfone que se prestam a tudo e mais alguma coisa que os homens do Poder quiserem. Em vão. Porque se há alguém em Portugal mais politicamente criminoso, é o Prof. Aníbal, primeiro, como chefe de Governo (lembram-se?!), e, agora, como PR, já num segundo e derradeiro mandato. Com ele, foi o caos. A corrupção. A destruição das pescas, da agricultura, e o primado do betão e do alcatrão. Num “oásis” que tinha tudo de conto de fadas, nenhuma base de sustentabilidade, de alienação e de superficialidade, nenhuma lucidez e nenhuma criatividade. Porque, para o Prof Aníbal, as Pessoas concretas, os Poemas, as Artes, a Cultura, a Comensalidade não contam. Apenas o Euro e o Dólar!

 Aumentos de salários e mais, muito mais economia e criação de riqueza equitativamente distribuída pelas populações, segundo as necessidades de cada qual, eis o que, entre outras medidas imediatas, reclama a OIT. Não é a descoberta da pólvora. É o a-é-i-ó-u da Política praticada, que tem os pés assentes na Economia, não a financeira, mas Economia cada vez mais vasos-comunicantes, por isso, direccionada para as reais necessidades das pessoas e dos povos, nunca para o Mercado, assassino dos povos e até ecocida, sempre que é deixado à solta. Não saberemos nunca o que o representante da OIT disse em privado ao primeiro-ministro em funções e ao PR, também em funções. São encontros oficiais/institucionais e, como tais, totalmente à margem das populações do País. O que constitui uma indignidade, do ponto de vista duma sociedade adulta e responsável, a única que coloca as populações primeiro, nunca depois dos Poderes institucionais.

 O que sabemos – e muito é – é que o OE 2014, da maioria PP-PSD-PR, já está praticamente chumbado pela OIT, em conformidade com o que o seu porta-voz veio dizer ao País, via comunicação social. E mais chumbado ficará, quando for dada a palavra ao Tribunal Constitucional (TC). Será o caos e o desastre, com o País a pique para o abismo. Mas não acusem nem a OIT, nem o TC. Os grandes responsáveis, verdadeiros criminosos políticos à solta e cheios de prosápia e de mordomias, são os três líderes da maioria PP-PSD-PR, a direita ultra-liberal em toda a sua cegueira assassina da autonomia das pessoas e dos povos.

 E não se diga que eles têm a legitimidade que lhe dão os resultados eleitorais. Porque, nas eleições, a maioria de votos que veio a dar corpo a esta maioria, não corresponde à maioria da população do País. Quase metade dos inscritos nos cadernos eleitorais, já não vota. Muitos outros, votam em branco, ou nulo. E muitos mais outros, votam nos diferentes partidos que, neste momento, são da chamada Oposição. De resto, que legitimidade para líderes partidários ou supostamente independentes que, na campanha eleitoral dizem uma coisa e, uma vez eleitos, fazem outra exactamente oposta?

 Cabe às populações, estarmos atentas e vigilantes. Mais do que emigrar, como é determinação da maioria ultraliberal, havemos de ser capazes de cerrar fileiras e regressarmos a um estilo de vida simples como as aves do céu e os lírios do campo. Deixemos o grande Mercado apodrecer com os seus inúmeros produtos roubados aos produtores, porque pagos ao preço da chuva, e sempre tarde e a más horas. Deixemos as grandes cidades com os seus Shoppings desertas. Deixemos o litoral e o seu mar, como local de residência habitual. O interior do País está a chamar-nos. Não ouvimos?

 Artistas de todas as Artes – Escritores, Poetas, Músicos, Pintores, Mulheres e Homens do Teatro, da Dança e da Cultura maiêutica – constituam-se em pequenas comunidades orgânicas entre as populações e com elas. Criemos, juntos, estilos de vida alternativos aos impostos e vendidos pelo grande Mercado. O Barracão de Cultura, da Associação Cultural AS FORMIGAS DE MACIEIRA, é por aí que aposta e procura ir. Ergam a vossa tenda, no espaço envolvente ao BC e façam dele a vossa OFICINA criativa. Uma ou duas gerações assim, com espaços culturais como o BC de Macieira da Lixa, em todas as aldeias do interior, e seremos definitivamente populações criativas, saudáveis, protagonistas, alegres, sororais, numa palavra, plena e integralmente humanas. Ousemos. O impossível é para ser realizado hoje.

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