E o menino cresceu brincando com os meninos negros
As viagens longas para terras distantes
E hoje o menino branco faz viagens longas
E os meninos negros ficam à espera dos dias de São Vapor
Que nunca mais hão-de chegar.
Os turistas filmam a inédita nudez
Para documentação dos arquivos sociais
O Mar, ai o Mar é apenas a Grande Água
E só Mãe-Terra velhinha fiel
Vela por ti menino ainda sem condição
Na ilha do Mar Índico onde nasceste
(de “A Ilha de Moçambique pela Voz dos Poetas”)
Poeta, romancista e darmaturgo. Considerado pioneiro da moderna poesia moçambicana. Da sua obra poética: “Trajectórias” (1940), “Clima” (1959), “Depois do Sétimo Dia” (1963), “Adeus do Gutucumbi” (1974), “País Emerso” (1976), “Lume florindo na forja” (1980) e “As faces visitadas” (1985).