Este texto que publicamos aqui faz parte de um comunicado de imprensa que a Associação de Combate à Precariedade enviou hoje em conjunto com o movimento de trabalhadores precários de Espanha, Oficina Precaria.
No final de 2013, entre as celebrações dos países do Sul da Europa sobre as ténues para não dizer fictícias recuperações económicas, é bastante claro para as organizações de trabalhadores precários que 2013 foi um dos piores ano de que há memória para o desemprego, precariedade laboral e emigração. A Europa do Sul está a ser drenada dos seus melhores recursos, enquanto milhões deixam os seus países e outros milhões ficam sem emprego. O desemprego combinado da Grécia, Itália, Espanha, Portugal e Irlanda, ascende hoje a 15,6 milhões de pessoas.
2013 é de longe o pior ano para o desemprego e emigração. Enquanto as políticas de austeridade continuam a destruir empregos e direitos, existe um êxodo massivo da Europa do Sul e Irlanda, um autêntico exílio para milhões de trabalhadores, em particular para aqueles com idades inferiores a 35 anos. As políticas da troika estão a hipotecar o futuros destes países, quando mais de 700 mil deixaram a Espanha, meio milhão saiu de Portugal e quase 400 mil já deixaram a Irlanda. A retoma económica é uma fraude enquanto a capacidade de recuperação dos países está a ser destruída. Em 2013 a Europa bateu no fundo, especialmente no primeiro e no segundo trimestre, mas parece não ter aprendido nada da depressão que foi criada, já que continua a seguir as mesmas políticas.
Dados recolhidos do ELSTAT (Grécia), INE (Espanha), INE (Portugal), ISTAT (Itália) e o CSO (Irlanda) confirmam que as taxas de desemprego real excedem em cerca de dois pontos percentuais os números oficiais. Uma parte importante da sociedade, a força de trabalho potencial, que compreende aqueles que não estão ativamente à procura de trabalho ou aqueles que estão subempregados em trabalhos a tempo parcial, estão fora dos números oficiais. Quando este número se combina com os dados do desemprego temos uma descrição muito mais fiel acerca do desemprego real: existem hoje cerca de 15,6 milhões de desempregados em Portugal, Espanha, Grécia, Itália, Irlanda, e a taxa de desemprego combinada entre estes países é de 24%.
Grécia |
Espanha |
Itália |
Portugal |
Irlanda |
|
Desemprego Oficial |
27,3% |
25,98% |
13% |
15,6% |
11,3% |
Desemprego Real |
30,97% |
27,29% |
21,79% |
20,45% |
15,17% |
Enquanto o desemprego continua a pairar, a precariedade continua a ser imposta em cada geração, dos mais novos aos mais velhos: trabalhos a tempo parcial, bolsas, falso trabalho independente, contratos a termo certo, empresas de trabalho temporário, novas leis laborais e uma reconfiguração do regime social e do trabalho.
As organizações de trabalhadores precários irão continuar a lutar contra a destruição das vidas e dos direitos dos trabalhadores nos próximos anos. Estaremos aqui para desmascarar as mentiras por detrás da distopia neoliberal que está a ser imposta pela troika e por todos os mecanismos da lógica austeritária. Estamos aqui para organizar trabalhadores precários e para combater a destruição sistemática do trabalho.
2013 foi o Annus horribilis para os trabalhadores em toda a Europa. Vamos fazer um ano de 2014 de organização de trabalhadores precários e de combate contra as políticas da elite dos 1%. Organiza-te e luta!