Ferreira de Castro, 1968. “Foi tirada num hotel de Sintra onde vivia uma temporada por ano”.
Entre a comunidade literária, Ferreira de Castro era muito respeitado, até pela sua posição política de frontal oposição ao regime. Respeitado mesmo por aqueles que não o apreciavam como escritor – precursor do neo-realismo, uma recorrente crítica desfavorável era a que se fazia ao português correcto, mas pouco dúctil com que construía as suas ficções. A sua escrita teve uma evolução e a tessitura formal dos livros mais recentes era diferente, mais perfeita do que a das obras iniciais. Porém, Os Emigrantes (1928) e A Selva (1930) estavam entre as obras que maior impacto provocaram e que maior número de traduções em línguas estrangeiras tiveram. O grande escritor suíço Blaise Cendrars publicou uma tradução de A Selva que maravilhou o mundo – o francês era ainda a grande língua de cultura e o universo francófono era imenso – com uma estrutura ficcional de grande realismo e beleza e escrito no francês magnífico de Cendrars, A Selva maravilhou os que ao seu texto acederam por essa porta. Diz Jorge Amado «Eu o conheci pessoalmente em 1948, em Paris: La [sic] Forêt Vierge, a admirável tradução francesa de A Selva, realizada por Blaise Cendrars, era best-seller nas livrarias de Paris, recebia os maiores elogios da crítica». Por seu turno, José de Almada Negreiros, com o seu humor sibilino, expendeu a opinião de que seria excelente se um bom tradutor pusesse em português a tradução de Blaise Cendrars. Conhecemos pessoalmente Ferreira de Castro quando, em Agosto de 1966, presidiu ao III Encontro da Imprensa Cultural, realizado em Guimarães, no Hotel das Caldas das Taipas, a que ambos éramos delegados. Aconselhamos uma visita ao Museu Ferreira de Castro, em Sintra – site oficial: http://www.museuvirtual.cm-sintra.pt/mfc/
(MS/CL).
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Nota: O comentário mais curto que acompanha a fotografia é da autoria de Eduardo Gageiro. O texto mais extenso é da responsabilidade de Manuel Simões e Carlos Loures,