Novas Viagens na Minha Terra – Série II – Capítulo 164 – por Manuela Degerine

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Encontro-me a dez quilómetros de Santiago, mais compridos com este relevo, mais cansativos por eu acelerar o ritmo… Depois de – em Milhadoiro – pensar que cheguei à periferia, depois de avistar a catedral no Agro dos Monteiros, ainda subo e desço, faço ziguezagues, atravesso bosques, zonas industriais, uma linha de caminho de ferro, o rio Sar pela Ponte Velha… Subo outra encosta quando – de súbito – leio no alcatrão expressões de júbilo: até desenharam no chão uma bicicleta. Deduzo que entrei em Santiago de Compostela.

Ainda vou muito longe do instante em que poderei largar a mochila. Cumpre seguir na direção da catedral; não menos de dois quilómetros. O Seminário Menor de Belvis – onde tenho a intenção de pernoitar – situa-se para além dela, no cimo de outra colina, impõe-se descer uma encosta íngreme, subir outra quase na vertical; consigo lá chegar por volta das quatro horas. Pago dez euros, entregam-me o número num dormitório com dezenas de camas, fecho a bagagem no armário e volto a sair.

Livre enfim da mochila, sinto o corpo leve… Acabo todavia de concluir uma rude jornada, não poupei a alimária, muito pelo contrário, fiz apenas duas pausas, avancei sempre no máximo das possibilidades, estafei a pobre da cavalgadura, quase a estropeei… Resultado imediato: uma bolha no pé e, muito mais inquietante, uma dor na coxa direita que – espero – passará com uma noite de sono. Mas sinto-me contente por conseguir caminhar sessenta e seis quilómetros em dois dias. Quero passar em Santiago de Compostela o tempo que ganhei, hoje algumas horas, dois dias na viagem de regresso a casa. Dirijo-me para a catedral… Cheguei!

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