CONTOS & CRÓNICAS – Romance trivial – por Sérgio Madeira carlosloures21 de Janeiro de 201420 de Janeiro de 2014Literatura Navegação de artigos PreviousNext O Boa tarde amigo Joaquim, hoje venho com alguma pressa A ciática vai assim assim, mas dói-me um pouco a cabeça. O pedido? Salada de alface e uma sapateira prodigiosa com uma rosa tatuada na face … Isso servido com expressão radiosa. E talvez pensando melhor, traga uma sopa de espinafres, um pão com bastante bolor e um belo arroz de milhafres. Um prato com gentis caracóis cozinhados em decúbito dorsal, sob o fogo súbito de mil sóis e um grito longo e paranormal. Queria ainda uma baba de camelo e um cálice de cristal com moscatel, um requerimento com o devido selo e uma travessa de sarapatel. Um lacrau com batatas a murro, um chacal em calda de tomate ou ainda um débil sussurro, uma beringela e um abacate. Não se esqueça de pedir na copa que mandem dois pratos a mais: vem um rapaz que fez comigo a tropa e a minha prima que trabalha nos jornais. Apresentei-os num baile em Cascais, apaixonaram-se num momento e como a moça já não tem pais ele vem hoje pedir-ma em casamento. Joaquim, em honra dos namorados, traga um milhar de velas acesas. Bem sabe, quando tenho convidados, não costumo olhar a despesas. É preciso ainda um jarro de tinto, uma meloa e um queijo da ilha (é uma angústia pesada a que sinto quando aqui entra a patroa ou a filha). Não se esqueça do arroz doce e da garrafa com o bagaço de figo, que o café que ontem me trouxe… ó Joaquim não brinque comigo! Share this:FacebookTwitterLinkedInWhatsAppEmailMorePrintLike this:Like Loading...