Selecção, tradução, organização e introdução por Júlio Marques Mota
Pensar diferente, impactos humanitários da crise económica na Europa
Um relatório da Cruz Vermelha Internacional e do Crescente Vermelho (excertos)
PARTE XVIII
(CONTINUAÇÃO)
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Recomendações e Compromissos assumidos
Afim de agir de forma diferente devemos então e primeiro que tudo pensar de forma diferente. Obter uelhor compreensão de como é que os indivíduos, famílias, sociedade civil e instituições se podem adaptar às realidades de hoje e reforçar a sua resiliência é uma necessidade de partida. O Governo nacional e local, as grandes empresas, incluindo o sector bancário, os cidadãos e as organizações humanitárias devem pensar em formas inovadoras para encontrar soluções viáveis, sustentáveis e de longo prazo, para se mitigarem os impactos humanitários desta crise económica.
Para evitar que a crise económica se venha a transformar numa crise social e moral, a IFRC recomenda que:
• Garantir a existência da Segurança Social
As instituições da Segurança Social protegem as pessoas de poderem vir a cair nas situações de pobreza. Uma vez que elas tenham caído na pobreza, será então muito mais difícil regressaram à sua situação social anterior e muitos sofrerão efeitos negativos a longo prazo a menos que se desencadeiem e rapidamente acções de mitigação destes mesmos efeitos.
• Têm que ser evitados cortes drásticos ou indiscriminadas nos orçamentos de cuidados de saúde e dos serviços de segurança social.
A resiliência das pessoas, singularmente, e da comunidade em geral é necessária para se poder ultrapassar a situação de crise que estamos a atravessar. Os cortes na saúde podem levar a custos pessoais e financeiros mais elevados a longo prazo, tornando a plena recuperação da crise ainda mais lenta ou mesmo a ficar inacabada.
• A prestação de serviços de saúde mental deve ser aumentada.
Tanto quanto os problemas de saúde mental e psicossocial estão habitualmente a crescer sobretudo em épocas de profunda crise, há aqui uma necessidade adicional para se fornecerem mais cuidados de saúde e não menos como agora, e lamentavelmente, se tem estado a fazer.
• A cooperação internacional e nacional para garantir os direitos dos migrantes e promover o respeito pela diversidade, pela inclusão social e pela não-violência de ser reforçada.
Embora o desenvolvimento económico nalguns países, bem como a existência de fronteiras abertas proporcionam oportunidades para os migrantes, eles estão muito frequentemente entre os mais afectados pela discriminação logo que rebente uma crise. Devem ser envidados esforços consistentes para garantir que sejam respeitadas as leis existentes, ou que a protecção seja posta em prática em vez de estar ausente, conforme se estabelece com os compromissos assumidos pelos Estados na 31ª Conferência Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho em 2011.
• Deve ser concedido apoio activo e alargado de forma sustentada.
Tendo de enfrentar o impacto da crise económica, muitos europeus estão actualmente a serem deixados para trás; inactivos, desempregados, dependentes, excluídos e sem quaisquer recursos. Os esquemas para o emprego dos jovens estão agora bem colocados na agenda da União Europeia, mas as iniciativas adicionais para as outras gerações são igualmente necessárias também.
• O sector privado e a sociedade civil devem trabalhar em conjunto para financiar e promover o serviço voluntário como um componente integral do sistema social e do sistema de saúde.
O serviço voluntário pode gerar benefícios complementares e específicos para a sociedade e para \ os indivíduos, especialmente em tempos de crise.
A Cruz Vermelha compromete-se a:
• Partilhar conhecimentos, experiência e ideias em resposta à crise económica
A IFRC irá garantir que os sistemas postos em prática para permitir às organizações nacionais da Cruz Vermelha e das Sociedades do Crescente Vermelho partilhar informações e experiências uns com os outros, com especial atenção para a troca de informações nos conhecimentos adquiridos, nas boas práticas e nas lições aprendidas, bem como a aprendizagem feita com outras agências activas nesta área.
• Fortalecer e expandir os programas sociais existentes que ajudam aqueles que estão em situação de maior necessidade.
Esta crise tem levado a crescentes necessidades humanitárias em muitos países o que exige das diversas organizações Cruz Vermelha nacionais uma resposta feita pela expansão das actividades sociais existentes ou ainda pela implementação de novas actividades. O dilema das necessidades crescentes e da redução dos fundos disponíveis para o efeito encolhendo tem constituído um enorme desafio das diferentes organizações nacionais da Cruz Vermelhas para mobilizar recursos de doadores novos e não-tradicionais.
• Devemos encontrar soluções criativas para os novos desafios humanitários provocados pela crise económica.
. As necessidades não somente aumentaram como têm igualmente têm uma nova cara; nós devemos adaptar os nossos programas e a nossa forma de os tratar para responder a estas mudanças em novas e inovadoras formas em conjunto com as autoridades e outros parceiros , isto é através de aproximações holísticas e das intervenções anteriores.
A IFRC analisará como melhor puder apoiar as organizações nacionais da Cruz Vermelha que solicitem apoio ou orientação na adaptação das suas actividades para a nova realidade da resposta humanitária
• Continuar activamente a envolver as pessoas afectadas pela crise económica na procura de soluções.
Mesmo que o número de pessoas em situação de necessidade continue a crescer, devemos activamente envolver e ajudar aqueles que estão atingidos pela crise procurando encontrar e decidir soluções de curto ou longo prazo.
• Continuar a sublinhar os desafios enfrentados pelos indivíduos e pelas comunidades mais afectadas pela crise económica
O impacto humanitário da crise económica, está muitas vezes escondido atrás dos números.
Trabalhando de perto com as pessoas afectadas, as organizações nacionais da Cruz Vermelha e das Sociedades do Crescente Vermelho irão garantir que eles não são esquecidos e que as suas preocupações e soluções são levadas ao conhecimento dos tomadores de decisão.
• Cooperar com os governos e outros parceiros para mitigar as consequências humanitárias da crise económica
No seu papel como auxiliares das autoridades públicas, as organizações nacionais da Cruz Vermelha e das sociedades do Crescente Vermelho continuarão a trabalhar em estreita colaboração com os outros para reforçar a resiliência individual e comunitária, com o objectivo de atenuar o impacto humanitário da crise.
(continua)
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Para ler a parte XVII deste trabalho, publicada ontem em A Viagem dos Argonautas, vá:
* Este governo faz como a Mafalda :cego,surdo e mudo -Maria *