No site da Plataforma das ONG’s de Cabo Verde podemos encontrar uma interessa brochura com o título Educação Popular – O Caso de Cabo Verde
Dizem na nota introdutória:
“Há sensivelmente 90 anos, a educação popular vem sendo defendida como um direito das pessoas excluídas e desfavorecidas. Todavia, foi só a partir dos anos 60 do século XX que o grande educador e pedagogo brasileiro Paulo Freire deu consistência à tese da educação popular e seus princípios, apresentando-a como um processo de conscientização e de emancipação social, cultural e política das classes mais desprotegidas.
Partindo dos ideais de Paulo Freire, a educação popular constitui, nos dias de hoje, um poderoso instrumento de autonomia e de empoderamento de sujeitos individuais e colectivos. A sociedade civil organizada é vista como um pilar da sua promoção e consolidação a favor de uma sociedade mais justa, mais incluída e mais solidária. Trata-se, pois, de uma educação comprometida e orientada pela perspectiva de realização dos direitos humanos de todos os cidadãos, principalmente os excluídos, razão porque ela visa a formação de todos aqueles que têm conhecimento e consciência cidadã e incentiva o diálogo entre eles.
Em Cabo Verde, são as ONG e organizações comunitárias de base as grandes responsáveis pela educação popular ou educação para o desenvolvimento que vem sendo desenvolvida nos 35 anos do país independente.
Enquanto estratégia de construção da participação dos cidadãos, a principal característica dessa educação tem sido utilizar o saber da comunidade como matéria-prima para a aprendizagem e ensino, partindo da sua vivência e convivência quotidianas.
Ao cruzar a fronteira da escolarização, a educação popular tem contribuído para o resgate da cidadania, promovendo a inclusão, através do fortalecimento dos processos pedagógicos para aumentar a sua contribuição na construção dos poderes locais e nacionais e no sentido de mobilizar toda a sociedade para a defesa dos valores da justiça, da solidariedade e da igualdade, entre outros.
O grande desafio da educação popular no nosso país é o fortalecimento de uma cultura cívica de maior participação dos cidadãos na vida social, cultural e política e consequente adopção, pelos caboverdianos, de uma atitude mais inclusiva, para uma sociedade cada vez mais plural e democrática.
Fruto de uma jornada nacional de reflexão realizada em finais de 2008, na Praia, a brochura que ora se publica pretende ser um contributo para um debate necessário sobre a educação popular no nosso país e as suas perspectivas nesta nova etapa de desenvolvimento de Cabo Verde.
Ao juntar-se ao movimento pela dignificação e consolidação dos princípios da educação popular, a Plataforma das ONG reafirma o seu engajamento no reforço da participação popular nas comunidades locais com vista ao redirecionamento da vida social.
E porque vale a pena todo o esforço para a mudança de atitudes e de comportamento que vem sendo feito ao longo de décadas, vamos fazer da educação cidadã uma arma de intervenção da família ONG cabo-verdiana na certeza de que ela será fundamental na construção de uma sociedade mais inclusiva e mais justa: um Cabo Verde mais equitativo e solidário, que respeita os direitos fundamentais dos homens e das mulheres destas ilhas.”
Esta brochura resulta das comunicações no Seminário de Formação de Coordenadores Regionais de Alfabetização – Exposição de Paulo Freire sobre as tarefas dos coordenadores.. Conta, assim com as participações de: Florenço Mendes Varela (Educação para cidadania global. A realidade cabo-verdiana); Jacinto Santos (Conceito e práticas de educação popular. breves referências); Orlando Borja ( Educação/participação/desenvolvimento: A situação actual em cabo verde); Ramiro Azevedo (Olhar crítico sobre o trabalho desenvolvido pelos actores não governamentais cabo-verdianos em matéria de educação popular); Olívia Mendes (Experiência do Citi-Habitat); Paulino Moniz (Experiência da OMCV em matéria de educação Popular).
Na parte final tem uma longa Biografia e Bibliografia de Paulo Freire.