GRUPO TEATRAL CRAQ’OTCHOD (CABO-VERDE) LEVA-NOS A PENSAR COMO TRATAMOS A DOENÇA MENTAL por Clara Castilho

Imagem1 (2)

Esteve este mês em Sintra, no Festival Internacional de Artes Performativas com a peça  “Esquizofrenia”. É um espectáculo retrata com humor as diferenças entre o antigo lema “isolar para tratar” e a atitude contemporânea “cuidar sim, excluir não”. O texto é assinado por Edilson (Di) Fortes, que também dirige a peça. Em palco está o actor Renato Lopes, num monólogo que traz para o centro do palco os estigmas sociais que existem à volta deste transtorno mental e de outras doenças ligadas à saúde mental.

Esquizofrenia

Foi escrito a partir da experiências de Di Fortes, de três anos, quando trabalhava no Centro de Recuperação e Acolhimento dos Doentes Mentais de Vila Nova, em São Vicente, o texto desta peça continua a ser actual. Mais, é transversal a todos os países pois o “doente”  é submetido a tratamentos intensivos, vive à base de remédios, fechado entre quatro paredes e sofre violência como muitas vezes acontece nos centros de recuperação.

Foi a segunda vez que esta peça viaja para o estrangeiro. A primeira vez foi em 2013, quando fez parte do cartaz da 5ª edição do Festival de Teatro da Língua Portuguesa (Festlip), que aconteceu na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. É uma das 12 peças que Craq’Otchod fez em cinco anos de existência.

O grupo teatral Craq’ Otchod nasceu em Julho de 2008 no âmbito do projeto socio-cultural “GrinheCim. La Casa delle Arti e dei Mestieri” promovido por uma rede de associações Italianas, em parceria com associações e instituições locais.

Como explica o nome, o grupo está ligado à comunidade de Ribeira de Craquinha, seja porque a maioria dos seus elementos moram na zona, seja porque a formação teatral se integra nas actividades promovidas pelo Centro de Protagoniosmo Juvenil de Ribeira Craquinha. A particularidade desta nova companhia teatral é a forte componente social que a caracteriza: Craq’Otchod não tem como único objectivo a realização de espectáculos; o seu trabalho é essencialmente baseado num continuo intercâmbio e confronto entre os seus participantes.

A força do grupo assenta no desenvolvimento duma experiência de auto-organização e participação activa que sai da cena para contagiar a vida de cada um. Por isso, além de favorecer o desenvolvimento das competências técnicas e criativas, o teatro torna-se sobretudo um instrumento para descobrir as infindas possibilidades do próprio corpo, difundir confiança, construir ligações e favorecer a cooperação, estimulando a auto-consciência de cada pessoa e a abertura para os outros, no sentido do desenvolvimento da comunidade.

Leave a Reply