O INTERVALO GRUPO DE TEATRO FAZ HOJE 45 ANOS, NO DIA MUNDIAL DO TEATRO

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Chamou-se à nascença Primeiro Acto – Clube de Teatro. Começou a sua vida em Algés, e a primeira peça que apresentou foi Antígona, de Jean Anouilh. Para se ter uma ideia do que foi o início da vida deste grupo, pode-se ler no número 7, de Junho de 2007, de  Sinais de Cena, a revista da APCT-Associação Portuguesa dos Críticos de Teatro, o artigo de Eduardo Pedrozo  Primeiro Acto – Clube de Teatro. Para homenagear o Intervalo Grupo  de Teatro, dá-se a seguir uma nota sobre o último espectáculo a que assistimos, com a Cooperativa Alves Redol, faz amanhã duas semanas.

Cooperativa Alves RedolA 14 de Março, a Cooperativa Alves Redol foi de Vila Franca de Xira a Linda-a-Velha, ao Auditório Municipal Lourdes Norberto, ver Eu é que sou o Pr1meiro, de Israel Horovitz, que ali está em cena. Deslocaram-se 55 pessoas, numa camionete alugada a uma instituição particular de solidariedade social. Os participantes manifestaram ter gostado muito do espectáculo, na sua maioria. Este efectivamente foi de nível muito apreciável, até tendo em conta que o Intervalo Grupo de Teatro, com a sua  valiosíssima experiência de trabalho, é uma companhia de recursos reduzidos. Tem, é certo, o apoio da Câmara Municipal de Oeiras, mas se não fosse a enorme competência de quem o dirige, a começar pelo Armando Caldas, nunca conseguiria produzir peças com tanta qualidade. Daí valer a pena o esforço da Cooperativa Alves Redol, para levar pessoas, a preços bastante reduzidos, de um lado a outro da Grande Lisboa.

O original da peça intitula-se Line, e é da autoria de Israel Horowitz, um autor teatral, realizador e actor norte-americano. Horowitz escreveu mais de 70 peças já levadas à cena e conta com traduções em mais de 30MV5BMTQ1MDA3NjQ1MF5BMl5BanBnXkFtZTcwNDExOTY5Mw@@__V1_SY317_CR11,0,214,317_ línguas. Também escreve argumentos para o cinema, destacando-se o parcialmente autobiográfico Author! Author!, de 1982, realizado por Arthur Hiller, com Al Pacino no papel principal, e que em Portugal se intitulou O Palco e a Vida.

Foi amigo próximo de Samuel Beckett, que várias vezes o inspirou no seu trabalho. Encenou várias vezes em França, onde será o autor norte-americano mais vezes representado, o que inclusive lhe valeu uma distinção pelo governo francês. A sua peça mais famosa é sem dúvida Line, estreada em 1967. Está em cena em Nova Iorque há 40 anos, no teatro da Repertory Company, na rua 13. Também está em cena em Paris há cerca de 30 anos. É uma peça de um acto, que pode ser classificada como pertencente ao chamado teatro do absurdo. 5 pessoas formam uma fila, e procuram ultrapassar-se umas às outras, a ver quem compra o bilhete primeiro. Para tal usam todos os subterfúgios possíveis, a condizer com as respectivas personagens. Resultam cenas espantosas, indescritíveis, que só um grupo de teatro de qualidade consegue apresentar

No conjunto, o trabalho do Intervalo Grupo de Teatro é de superior qualidade. A encenação é muito convincente e sugestiva, os actores estão soberbos nos seus papéis e o texto está adequado. Ressalta a importância do teatro do absurdo, para nos fazer compreender o caricato e a violência a que se chega no quotidiano, em situações aparentemente inócuas, e demonstrando os limites de uma abordagem excessivamente racional no nosso dia a dia, e não só. Transcreve-se a seguir, do caderno que o Intervalo Grupo de teatro elaborou sobre a peça, um período de um extracto de “O’Neill and Horowitz: Toward Home”, in Israel Horowitz, A Collection of Critical Essays, de Robert Combs:

primeiro! - IV“… Tal como O’Neill usou Ibsen, Strindberg e Freud para encontrar grandeza naquilo que se tinha vindo a tornar cada vez mais banal na vida da classe média americana, assim também Horowitz se revitalizou a si próprio com a ajuda de Samuel Beckett e Eugène Ionesco. Ele encontrou um ponto comum de entendimento no meio de realidades económicas mortais ao concentrar-se nos seus consequentes absurdos humanos…

A tradução de Line foi feita por Eduardo Pedrozo, membro desde a primeira hora do grupo que hoje é o Intervalo Grupo de Teatro. Armando Caldas encenou, dirigiu e assegurou as adaptações necessárias. Dulce Moreira, Fernando Tavares Marques, Adriana Rocha e mais um numeroso grupo colaboram intensamente, como se pode constatar ao assistir ao espectáculo. Vamos só referir a seguir os actores, por ordem de entrada em cena, indicando os papéis que representam:

João José Castro – Fleming

Miguel de Almeida – Stephen

Cristina Miranda – Molly

João Pinho – Dolan

Fernando Tavares Marques – Arnall

Vão ver! Não se arrependerão, acreditem.

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