EDITORIAL – “SE ABRIL FOSSE VERBO, SÓ SE CONJUGARIA NO FUTURO”

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Esta foi uma frase de José Jorge Letria na abertura do concerto “Cantar Grândola, 40 anos depois”, no passado dia 28, no Coliseu. Evocava-se o espectáculo de 29 de Março de 1974, onde já se sentia no ar o perfume da Revolução.

Aproxima-se a data dos 40 anos passados desde esse dia que mudou a história do nosso país e que muitos de nós trazem na memória como um dos mais felizes das suas vidas. E, dadas as circunstâncias políticas e sociais que estamos a viver, cada vez mais nos lembramos do passado e de como a ele não queremos voltar.

 

Vários acontecimentos se preparam para assinalar o dia. Outros já ocorreram. O lançamento do livro “Os rapazes dos tanques” de Alfredo Cunha (fotografia) e Adelino Gomes (texto) trouxe para ribalta a questão da importância de cada um, como uma grão de areia, para, num todo, poder mudar o rumo dos acontecimentos. Como Carlos Matos Gomes, um militar de Abril, afirmou na sessão: “Este livro é em si uma mensagem de esperança contra a iniquidade do poder totalitário: os rapazes dos tanques, na sua singeleza, são os grãos de areia que destroem a engrenagem da grande máquina. O livro diz-nos que é possível destruir a grande máquina da opressão mesmo que cada um deles não seja capaz de compreender os extremos entre os quais está colocado”.

Lembremo-nos, como grãos de areia, onde nos poderemos colocar para fazer a máquina emperrar. Procuremos o cimento que una os grãos de areia, pois, sem ele, qualquer lufada de vento os poderá fazer voar. A máquina da opressão nem sempre é com confronto directo que é vencida. Basta um buraco numa barragem para a água escoar…

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