Este será a primeira de seis partes em que iremos dividir a palestra da nossa colaboradora, proferida no dia 23 de Maio, na Sociedade Portuguesa de Autores.
“Invoco, em primeiro lugar, um anjo protetor – o poeta Rainer Maria Rilke – para aqui, nesta casa venerável – Socieda Portuguesa de Autores – me aproximar respeitosamente, de três autores brasileiros: Machado de Assis, de Guimarães Rosa e amorosamente de Clarice Lispector, diante dos senhores. Portanto, é com a máxima humildade, que pretendo sugerir uma abordagem não de crítica nem de professora, mas de uma simples leitora apaixonada. E peço licença para sugerir também que consideremos a minha exposição uma promenade, uma flânerie pelos contos desses três brasileiros, na certeza de que não vou interpretá-los porque estou convencida de que são eles que nos interpretam, são eles que nos explicam a nós mesmos, como todos os grandes artistas o fazem.
Apesar disso, sabemos que cada leitura é inaugural e cada leitor é, à sua maneira, um colaborador.
Há muitos anos, ainda na Faculdade de Filosofia, fiz para a Cadeira de Estética, um estudo comparativo entre dois contos intitulados O Espelho, o primeiro, de Machado de Assis, o genial autodidata carioca (1839-1908),fundador da Academia Brasileira de Letras, e o segundo, de João Guimarães Rosa, o médico, escritor e diplomata mineiro, erudito e poliglota – de Cordisburgo ( 1908- 1967). Veremos adiante que o conto de Rosa é uma paráfrase do de Machado. ( Guimarães Rosa nasceu no ano da morte de Machado de Assis e morreu de emoção três dias após ter ingressado na Academia Brasileira de Letras.)”
6 Comments