ADÉLIA PRADO
( 1936 )
ENSINAMENTO
Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
«Coitado, até essa hora no serviço pesado».
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.
(de “Bagagem”)
Poetisa e contista. Da sua obra poética: “Bagagem” (1976), “O coração disparado” (1978), “O pelicano” (1989), “Poesia (1949-1979), “O anticrítico” (1986).