EDITORIAL – OBRIGADO, PÁ!

Imagem2No Brasil eram os «anos de chumbo», o período mais duro da ditadura militar que, entre 1964 e 1985, oprimiu a grande nação irmã. Em Portugal, uma longa treva dúrava há quatro décadas. Um manto de noite e nevoeiro que se instalara por todo o país e se aninhara nos cérebros, vigiando e reprimindo as madrugadas. Para os que ansiavam pela libertação, qualquer sinal de esperança era acarinhado como se de uma certeza se tratasse. A música popular brasileira era um desses sinais. Em meados dos anos sessenta, o Atlântico começou a ser atravessado por garrafas com mensagens dentro – de lá para cá, sobretudo. Assinando-as, um nome sobressaía –   o de Chico Buarque.

Chico Buarque completa hoje 70 anos e parece-nos constituir um elementar gesto de gratidão, assinalar o aniversário de quem tanto nos ajudou a suportar a dolorosa última década da ditadura, mergulhados em emigração forçada, numa guerra suja, em cárceres de pedra e em presídios mentais… – Sabíamos de cor Morte e Vida Severina, de João Cabral de Mello Neto que Chico Buarque musicou e encontrávamos   significados subliminares para a Banda. E, quando a alvorada de Abril rompeu, , Chico Buarque ofereceu-nos ua bela canção,  Tanto Mar, emendando-a quando o crepúsculo de Novembro nos trouxe a cinzenta normalidade que nos foi consentida. Aqui recordamos ambas as versões  com uma introdução de Amália Rodrigues, interpretando Grândola, Vila Morena,  num vídeo realizado por Helena Romero.

 

Obrigado, Chico Buarque, parabéns, Pá!

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