Fui ver o ultimo filme de Philip Seymour Hoffman. Sou dos que se chocaram com o seu suicídio, lamentando a infelicidade pessoal e a injustiça de ver desaparecer um dos actores mais fascinantes do momento.
E é difícil não pensar que iria ver uma espécie do seu testamento.
A história passa-se no tenebroso mundo da espionagem, abrindo mais umas brechas para elucidar a ingenuidade que por aí campeia – apesar de Snowdens , livros , artigos e filmes ( Omar) irem esclarecendo as práticas e o campeonato de imoralidade e selvajaria dos seus agentes e mentores.
Tirei talvez uma conclusão apressada no final do filme : seria que o Philip não tinha aguentado a perversidade e insensibilidade do seu desempenho – como sempre arrasador?
Teria regressado uma muito antiga noção da representação/compromisso que tinha destruído algumas carreiras em teatro e cinema?
E a ironia com que ele justifica as suas acções com a frase bem batida : “ é para fazer um mundo melhor”…
E aquele final em que depois de ser traído se mete no carro, estaciona e desaparece?
Ou seja : independentemente de questões puramente pessoais, seria que se sentiu um verme da laia dessa gente e se atirou para mais uma infeliz injecção?
São talvez preocupações líricas e românticas, mas que as senti, senti.