CRÓNICAS DO QUOTIDIANO – PAULO VI: DE SUA SANTIDADE MISÓGINO A BEATO DE ALTAR – por Mário de Oliveira

quotidiano1

 

Em vida, foi Sua Santidade, o papa. Depois de morto, acaba de passar a simples beato de altar. Que é como quem diz, a uma ridícula estátua, posta à “adoração” pública de gente sem audácia bastante, para se assumir na história, e destinada a render chorudos lucros ao sacrílego Estado do Vaticano, o mais mafioso dos Estados do mundo. A Cúria romana continua a comportar-se, neste início do terceiro milénio, como se os povos ainda vivessem na famigerada Idade Média. O papa Francisco é pau para toda a colher. Dá algumas no cravo, muitas mais na ferradura. Ora, parece que quer fazer implodir a Cúria, de que, contraditoriamente, aceita figurar como o n.º 1, ora, toma decisões como a deste último domingo, que visam solidificá-la eternamente. Esta beatificação do misógino papa Paulo VI, copresidida por Bento XVI, é uma daquelas decisões que desacredita por completo a instituição igreja católica romana. É o cúmulo do narcisismo institucional. E da vaidade. Agravado pelo facto de a cerimónia ter valido como o encerramento da primeira de duas sessões do Sínodo dos bispos sobre a família. E ter sido transmitida em directo pelas tvs do mundo. Aqueles monstros eclesiásticos sagrados, canonicamente proibidos de constituir família, apresentaram-se, mais uma vez, urbi et orbi, em toda aquela sua onstentação imperial, que perfaz a mais sádica afronta aos milhões e milhões de empobrecidos do mundo. Com gestos destes, o papa Franccisco revela-se um figurante sem um pingo de pudor, inclusive, diante dos seus concidadãos latino-americanos. Todos lhe pedem pão, o da cultura e da dignidade, da mesa e da justiça, e ele dá-lhes overdoses de ritos carregados de vaidade e de narcisismo. E ainda há seres humanos que insistem em continuar a achar que, para viverem os seus afectos e poderem constituir família, precisam do reconhecimento do Estado do Vaticano. Preferem a bênção do ladrão institucional que lhes ocupa/manipula a mente-consciência, em lugar de o expulsarem dela e assumirem-se, por inteiro, na história. De acordo com a sua conseciência. E sem nenhuma espécie de tutores.

20 Outº 2014

Leave a Reply