CRÓNICA DE DOMINGO – HOMENAGEM A JOÃO GUIMARÃES ROSA – por Rachel Gutiérrez

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16 de Novembro: Há 47 anos, em 16 de Novembro de 1967, João Guimarães Rosa era recebido na Academia Brasileira de Letras para ocupar a cadeira de João Neves da Fontoura, que fora seu chefe no Itamaraty. É essa data que por iniciativa da argonauta Rachel Gutiérrez, assinalamos. Infelizmente, a permanência de Guimarães Rosa na Casa de Machado de Assis durou apenas dois dias. Em 19 de Novembro, o escritor sofreu um infarte fatal. No próximo post – João Guimarães Rosa – discurso de posse na Academia Brasileira de Letras (excertos) – transcrevemos uma boa parte dessa brilhante intervenção. E completamos a homenagem ao autor de Sagarana com um link para a excelente biografia que Marília Librandi Rocha escreveu para VIDAS LUSÓFONAS, link amavelmente cedido por Ethel Feldman, actual proprietária do site

http://www.vidaslusofonas.pt/joao_guimaraes_rosa.htm

 
HOMENAGEM A JOÃO GUIMARÃES ROSA – por Rachel Gutiérrez

João Guimarães Rosa, gênio incontestável da literatura luso-brasileira, é um “criador de língua”, como disse seu conterrâneo mineiro, o escritor Autran Dourado. Foi comparado muitas vezes a James Joyce, pelo domínio de idiomas e a invenção de neologismos, além da construção de um romance que instaura um universo simbólico, grandioso, o seu Grande Sertão; veredas. E na criação de personagens românticos, se a Itália tem Paolo e Francesca e  a Inglaterra, Romeu e Julieta, podemos dizer agora que o Brasil tem Riobaldo e Diadorim, figuras emblemáticas da promessa de um amor não realizado, quando a mulher ser-humano, reinventada pela necessidade de lutar e de se afirmar na coragem e na ousadia, lado a lado com seu companheiro, mais valente do que ele e do que todos os jagunços, enfrenta os inimigos do bem e paga o preço de seu empenho e de seu segredo com a própria vida. O grande sertão é o Brasil, mas é também o mundo, o estar aqui da nossa existência tumultuada e misteriosa, este nosso estar aqui de tantas perguntas.

O filósofo brasileiro Álvaro Vieira Pinto ( 1909 – 1987 ), primeiro  diretor do ISEB, Instituto Superior de Estudos Brasileiros, tinha o hábito de reler todos os anos, durante as suas férias o Grande Sertão, de Guimarães Rosa, para melhor compreender o Brasil.

O mineiro de Cordisburgo, de coração frágil e vida curta, deixou uma obra relativamente pequena, mas de originalidade e de alcance continentais. Como o Brasil.

Rachel Gutiérrez

1 Comment

  1. A prosa de Guimarães Rosa é por vezes cáustica e, logo na dobra do texto, inesperadamente genial. É claro que o sertão é metáfora do mundo; também por isso, a sua obra é universal. Parabéns, Rachel.

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