Raif Badawi foi condenado a dez anos de prisão e a mil chicotadas. Cumpre a pena de prisão, desde Maio, depois de ter criado um website para o debate social e político na Arábia Saudita. Foi acusado pela criação do fórum, intitulado “Liberais Sauditas” e por ter insultado o Islão.
A sentença inclui mil chicotadas e a proibição de viajar para fora do país durante 10 anos. Ficou também proibido de aparecer ou ser citado nos órgãos de comunicação social.
As acusações reportam a artigos que Raif Badawi escreveu, criticando as autoridades religiosas da ,, assim como a textos escritos por outras pessoas que foram publicados no “Liberais Sauditas”. Os procuradores pretendiam que fosse julgado por “apostasia” (renegação da fé), o que, na Arábia Saudita, pode levar à pena de morte.
Raif é um dos muitos activistas na Arábia Saudita perseguidos por expressarem as suas opiniões na net. Tanto o Facebook como o Twitter são muito populares num país onde curiosamente as pessoas não podem exercer a sua liberdade de expressarem aberta e publicamente o que pensam. As autoridades sauditas responderam a este crescimento do debate online com medidas de monitorização das redes sociais e websites e até tentado proibir aplicações de comunicação como o Skype e o WhatsApp.
Depois de campanhas internacionais, nomeadamente da Amnistia Internacional, recentemente o Supremo Tribunal da Arábia Saudita veio confirmar a sentença contra ele.
O diretor da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África, Philip Luther, afirmou: “É repugnante que esta sentença cruel e injusta tenha sido confirmada. Ter um blogue não é um crime e Raif Badawi está a ser punido apenas por ter ousado exercer o direito de liberdade de expressão”.
O perito da organização de direitos humanos sublinha que “ao não terem anulado a sentença, as autoridades sauditas mostraram hoje [domingo, 7 de junho] um desprezo absoluto pela justiça e pelas dezenas de milhares de vozes pelo mundo inteiro que instam à libertação imediata e incondicional de Raif Badawi”.
“Agora que a sentença foi confirmada [pelo Supremo Tribunal], a flagelação pública de Raif Badawi pode ser retomada… e ele terá de cumprir o resto da sua injusta sentença. A decisão do tribunal constitui mais uma mancha no já muito desolador registo de direitos humanos da Arábia Saudita”, remata Philip Luther.
A 9 de janeiro passado, Raif Badawi foi submetido às primeiras 50 das mil chicotadas a que foi condenado, logo após as orações de sexta-feira, numa praça pública de Jidá, o que provocou uma vaga internacional e críticas. Nas duas semanas subsequentes, a flagelação foi suspensa de acordo com recomendação clínica após oblogger ter sido observado por médicos. Não voltou a ser chicoteado, sem que as autoridades tenham tornado públicas as razões desde então. Agora, após a decisão tomada pelo Supremo, o risco de Raif Badawi voltar a ser flagelado e ser submetido às 950 chicotadas é iminente.