FRATERNIZAR – “O que faz correr o Bispo de Bragança? ” – por Mário de Oliveira

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DESTA VEZ, ATIRA-SE ÀS FESTAS DO VERÃO

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Ainda o cristianismo não era nascido, nem se sonhava que um dia viesse a nascer, e já as festas populares do solstício de verão animavam os dias grandes e as noites pequenas das populações escravas de deusas, deuses, nossas senhoras, nossos senhores. O erro fatal das populações foi terem interiorizado, desde então, que o sol era um deus invictus, vencedor, invencível. Religavam-se ao deus sol, quando era imperioso e urgente que se religassem, umas às outras ao modo dos vasos comunicantes. O sol não tem culpa de terem feito dele um deus invictus, vencedor, invencível. As populações também não. A culpa é das minorias espertalhonas das sociedades, ao princípio, os sacerdotes das religiões que, depressa, se apoderaram do controlo das populações e das festas do solstício de verão e do solstício de inverno, respectivamente, as festas populares do verão e as festas populares do natal e ano novo. As quais, quando o cristianismo nasceu e tornou-se na única religião do império romano, logo converteu, respectivamente, em festas dos santos populares, no verão, e do natal do Cristo invictus, vencedor, invencível, no inverno. As populações, assustadas, tolhidas, cosidas de ancestrais medos, oprimidas, sugadas pelas minorias espertalhonas, embarcaram no conto do vigário, perdão, dos sacerdotes e, milénios depois, é ainda aí que quase todas hoje se encontram. Para seu mal. Festejam, mas são populações tristes As festas dos santos populares do verão são muito ruidosas, muito dispendiosas, muito animadas de fora para dentro, mas sem festa que venha de dentro para fora. As do natal e ano novo são todas do Mercado, com prendas e prendinhas que nem ao diabo lembra. As populações não são festivas, de dentro para fora. Mesmo nas festas, as populações são arrastadas, atordoadas, roubadas, embriagadas por overdoses de ópio e outros analgésicos que as ajudem a suportar o vale de lágrimas que é o seu quotidiano viver, na base inferior da pirâmide social, onde nascem, crescem, reproduzem-se e morrem. Desconhecem, ainda hoje, que o sol é uma simples estrela, por sinal, das mais pequenas que povoam o universo ainda em expansão. A estrela mais perto da Terra que somos, à volta da qual rodamos numa dança sem parar, seres vivos consciência. Graças, não ao sol, mas à Ruah ou Sopro/Espírito maiêutico que um dia, tal como a Jesus Nazaré, nos fez acontecer, por pura graça, sem que saibamos suficientemente como, o que adensa ainda mais Mistério que somos cada uma, cada um de nós. É neste contexto que o Bispo de Bragança acaba de publicar uma Nota pastoral, na qual aborda as festas populares de verão. Quer a toda a força que elas sejam festas cristãs de verão. Esquece que o cristianismo é um intruso. Ou, dito em palavras antropológicas-teológicas de Jesus segundo João, um ladrão que entra, não pela porta do Humano, mas por outro lado, o do Poder. Com o único objectivo de roubar, matar, destruir as populações. Segundo os sibilinos modos que só a perfídia sacerdotal conhece e que as populações, despojadas de tudo, até da própria consciência, lá acabam por acatar, reconhecer, como se fosse um dado inevitável, quando é uma mentira institucional que urge denunciar. E à qual urge resistir com todas as nossas forças. Para sermos o que matricialmente somos: – seres humanos em relação uns com outros, ao modo dos vasos comunicantes. Uma realidade extraordinariamente simples, mas que as minorias espertalhonas, hoje as do poder financeiro, não permitem que aconteça. E tudo complicam, só para, assim, poderem continuar a dividir e a reinar. Bom será que as populações deste século XXI, também as de Bragança.  digam ao Bispo e a todos os outros chico-espertos dos poderes, que o solstício de verão, como o solstício de inverno, são realidades naturais, não religiosas nem cristãs. Digam mais. Digam, Do que, como populações, verdadeiramente necessitamos, é de sermos-vivermos permanentemente religados, não às deusas, aos deuses, às nossas senhoras, aos nossos senhores, como pretende o cristianismo, mas uns aos outros, ao modo dos vasos comunicantes. As deusas, os deuses, as nossas senhoras, os nossos senhores, são grandes mitos que, uma vez aceites, nos amarram a eles e nunca mais nos deixam ser, de acordo com a matriz original de cada qual. Não é que os mitos tenham essa capacidade. Não têm. Mas têm-na as minorias espertalhonas que os criaram e historicamente se apresentam às populações e aos povos das nações como os representantes das deusas, dos deuses, das nossas senhoras, dos nossos senhores. E é um ver se te avias, sempre a roubar, matar, destruir, dominar, submeter, aterrorizar. Sem que as populações lhes resistam, de tão “apanhadas” que andam pelas doutrinas religiosas-cristãs, emanadas desses grandes mitos. O Bispo de Bragança é um dos poucos especialistas portugueses em liturgia cristã, o que faz dele uma tragédia viva em acção, sem que o próprio se aperceba. Com essa especialidade, nunca enxerga a realidade, concretamente, as pessoas de carne e osso. Vive fora da realidade, ainda que, como um deus que pensa ser e que faz questão de ser tido como tal pelas populações suas súbditas, pense estar sempre presente em toda a parte e em parte nenhuma. Em toda a parte, como mítico deus, filho do poder. Em parte nenhuma, como ser humano, filho de mulher. A especialidade em liturgia cristã de que se orgulha, é uma aberração que ele deveria ter logo visto, quando começou a ser formado na universidade de Roma, mas, pelos vistos, não viu, ou não quis ver. Se chegou a ver, e, mesmo assim, prosseguiu, é porque se sentia terrivelmente frustrado na sua condição de filho de mulher, baixa estatura, fragilidade humana que, como todos os demais filhos de mulher, só sobrevivemos em relação uns com oss outros. E, a todo o custo, quis ser outra coisa, concretamente, filho do poder, ele próprio, poder. A especialidade em liturgia cristã é uma das que mais mata o Humano que adquire, mais o cega, mais o impede de ser. Actualmente, D. José Cordeiro vive em Bragança, mas não enxerga nada da realidade que o cerca. É um cego que conduz outros cegos. Para o abismo. Esta sua Nota pastoral sobre as festas populares de verão é um exemplo acabado disso mesmo. Atira-se às comissões das festas que gastam – e gastam, sim senhor, mas por culpa de quem?! – balúrdios em foguetes e em conjuntos musicais pimba, contratados para animar/alienar os arraiais. Pretende que o dinheiro arrebatado por elas, de porta em porta, às populações não seja gasto nesse tipo de coisas, mas canalizado para os ritos religiosos a que ele e os seus párocos presidem. Sublinha expressamente “Cuidado com a gestão das esmolas, salientando bem que as colectas (ofertórios) e as promessas levadas ao altar da eucaristia devem reverter exclusivamente para o culto, a evangelização e a caridade”. Assim mesmo, por esta ordem: Culto, evangelização/doutrinação, caridade(zinha). Já as populações de carne e osso, espoliadas todos os verões pelas comissões das festas populares, podem esperar. As deusas, os deuses, as nossas senhoras, os nossos senhores, não podem esperar. No entender do Bispo, o Humano só existe para servir as nossas senhoras, os nossos senhores. E, aqui, todos os excessos, como os da construção da nova basílica de Fátima por 80 milhões de euro pagos a pronto, são outras tantas virtudes. Que as deusas, os deuses, as nossas senhoras, os nossos senhores merecem tudo, todos os excessos. Tal como as populações merecem todas as privações, todos os castigos, todos os sofrimentos, todas as torturas. No dizer do cristianismo, nunca as populações são tão grandes como quando rastejam diante das deusas, dos deuses, das nossas senhoras, dos nossos senhores, representados historicamente no papa de Roma, no bispo de cada diocese e em cada pároco da aldeia ou da cidade. Ou, no reino do poder político financeiro, no presidente da república, no primeiro ministro e, por fim, no presidente da junta de freguesia. Ou, no reino do poder político militar, no general, no comandante do quartel e no polícia da vila ou da cidade. Que a farda, o título, os paramentos sagrados segregam e têm o condão de tornar deuses maiores ou menores, mas sempre deuses, quantos os usam, carregam. Sem dúvida, a desgraça maior que pode cair sobre alguém nascido de mulher. Porque, uma vez chegado aí, nunca mais é Humano. Basta observar com olhos de ver o dia a dia do Bispo de Bragança. Ou de um outro agente do poder.

Nota do Editor de “Fraternizar”: Como habitualmente, desde que passou a online, JF interrompe por dois meses, Julho e Agosto, a sua publicação. Desta vez, para o seu Director, Pe. Mário de Oliveira, poder dedicar-se mais a divulgar-acompanhar o seu novo Livro FÁTIMA S.A. Seda Publicações, pelo país. Sempre que tiverem saudades, visitem o site e voltem a saborear algum dos muitos textos que ele nos oferece. Gratuitamente. Convosco, sempre.
 
 

4 Comments

  1. Quer o dinheirinho das festas para ele poder peregrinar. Alguém tem que pagar os luxos. A propósito de luxos este senhor tem uns amigos muito pimpalhudos que se fartam de esbanjar sinais exteriores de riqueza. Os senhores “pimpas” gostam de viver à grande e à francesa. É ver os carrões, as motonas, as férias de ricos, as roupas e acessórios caros. Tudo voto de pobreza de acordo com o ofício, é bom de ver. E a mana “pimpona” nem se fala! Os sinais exteriores de riqueza são um exagero. Joias Tous, roupas Carolina Herrera, sapatinhos Prada e carteiras a condizer. É pópó top, é vivenda apalaçada. Era preciso averiguar de onde sai tanto dinheiro. Em tempo de dura crise onde há notícias de 4 mil crianças em Portugal que passam fome, estas pessoas que esbanjam tanto deviam ser afastadas da Igreja e não ser chamadas a servir de bibelot.

  2. Se eu fosse católico e fosse de férias 15 dias para Israel e Jordânia com alojamento em hotéis 4 e 5 estrelas era um escândalo porque estava a esbanjar em tempo de crise, não estava a ajudar o próximo, a fazer caridade e sim a cometer o pecado da vaidade. Ainda que fosse lá para visitar os locais por onde Cristo andou. Se forem lá os fazedores de missas pelo mesmo período de tempo, visitar os mesmos locais e alojados nos mesmos hotéis já é pecado, muito menos férias. É caridade, porque vão lá rezar e fazer peregrinação. Acredite quem quiser. E continuem a fornecer o dinheirinho, que é isso que eles querem.

  3. Deixe lá ó BLR o que está feito já não tem remédio. Tem razão quando diz que para uns são férias a esbanjar dinheiro que podia ser aplicado na caridade mas, se forem eles a fazer as mesmas férias já temos que as ver como um santo sacrifício de peregrinação e nunca ver nesse facto qualquer um dos 7 pecados capitais. Esse senhor esbanjou mas, agora que os 15 dias de férias de rico acabaram, vai arrecadar uma boa “maquia” com a visita da escultura de madeira policromada que representa uma criança do sexo feminino, a quem chamam virgem-mãe e virgem peregrina e que atrai milhares. Imagine 15 dias a passear por aldeias, santuários, lugarejos, vilas e cidades! As filas de alienados para a ver vão ser enormes e o dinheirinho das esmolas vai correr a rodos. Sem recibo nem declarações ao fisco! É só faturar!!!

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