
O Grande Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes APE/C. M. de Amarante, instituído pela Associação Portuguesa de Escritores (APE) e patrocinado pela C. M. de Amarante, destina-se a galardoar anualmente um livro em português e de autor português.
O júri foi constituído por António Mega Ferreira, José Fernando J. B. Martinho e José Manuel Mendes. Após avaliar as 77 obras publicadas em 2014 e admitidas ao concurso, o júri decidiu distinguir um conjunto de seis livros:
1. Escuro, de Ana Luísa Amaral;
2. Nó, de Daniel Jonas;
3. Ritornelos, de Joana Emídio Marques;
4. A misericórdia dos mercados, de Luís Filipe Castro Mendes;
5. Jóquei, de Matilde Campilho;
6. O fruto da gramática, de Nuno Júdice.

Este ano quem venceu foi Daniel Jonas. A atribuição do prémio a deve-se ao «mérito muito assinalável do seu trabalho poético, que convoca a tradição lírica ocidental para uma recomposição textual lúcida e fortemente irónica, cosmopolita, atenta aos lugares e tempos de um presente recolhido e transfigurado», defendem os jurados do prémio.
A sinopse de «Nó» é a seguinte:
«No preâmbulo a uma entrevista feita a Daniel Jonas, publicada no suplemento Ípsilon do jornal Público a 8 de janeiro de 2014, escrevia António Guerreiro que «[…] a poesia de Daniel Jonas atravessa tempos diversos: o clássico, o romântico, o moderno, numa apoteose de rastos e linhagens que comparecem subtilmente. Nela encontramos, no mais alto grau, a ideia da linguagem poética como concentração e densidade. Ela é hábil nos jogos retóricos e de palavras, mas nunca deixa que isso se torne um exercício fútil e gratuito.»
Tudo isto é confirmado por «Nó», um livro de sonetos e o primeiro que o autor publica na Assírio & Alvim».
Daniel Jonas é assim apresentado pelo Centro de Documentação de Autores Portugueses:
Mestre em Teoria da Literatura pela Universidade de Lisboa com uma dissertação sobre o poeta inglês John Milton de que resultou a tradução de Paradise lost, Paraíso perdido (Cotovia, 2006). Depois da recolha para jogos florais O corpo está com o rei (AEFLUP/CGD, 1997), prémio de Poesia AEFLUP/CGD, publicou Moça formosa lençóis de veludo (cadernos do Campo Alegre/FCD, 2002), Os fantasmas inquilinos (Cotovia, 2005) e Sonótono (Cotovia, 2007), Prémio PEN de Poesia 2008.
Traduziu Waugh, Huysmans, Pirandello, Auden e Shakespeare, especificamente O mercador de Veneza, tendo sido co-autor com Ricardo Pais da versão cénica do espectáculo estreado em Novembro de 2008 no Teatro Nacional de São João no Porto. Para a companhia Teatro Bruto escreveu as peças Nenhures (Cotovia, 2008) e Reféns, esta estreada em Junho de 2009.
Daniel Jonas é um dos sete poetas candidatos ao prémio de Poeta Europeu da Liberdade, atribuído de dois em dois anos pelo festival de poesia de Gdansk, na Polónia, pelo seu livro Passageiro Frequente (Língua Morta, 2013), traduzido para polaco por Michal Lipszyc.
BENGALEIRO OU HORACIANAS
Físico o tractor quente arremessou
Contra as colheitas de ouro o breu de corvos
Trazendo a noite em ondas de onde andou
De foice afoita, a luz sugando a sorvos.
Modorrento, o vapor da chaminé,
Máquina de fazer nuvens, levando
Ondinas ao empíreo mar, rapé
Da paz entre titãs que ordenhando
Alheias colinas se houvessem mais
Desavindo. Van Gogh ou Fabergé:
Ovos de palha, gemas siderais
Chocados em estrelado canapé.
Entrar nesta pintura eu queria
Se à entrada não pedissem a poesia.
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