O MURO DO OCIDENTE NÃO CAIU – um ensaio de HERVÉ JUVIN – por JEAN PIERINOT

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Selecção e tradução por Júlio Marques Mota

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O muro do Ocidente não caiu

Um ensaio-choque assinado por Hervé Juvin* nas Editions Pierre-Guillaume de Roux

Jean Pierinot, LE MUR DE L’OUEST N’EST PAS TOMBÉ – Un essai-choc signé Hervé Juvin* aux Editions Pierre-Guillaume de Roux

Revista Metamag,  21 de Maio de 2015


hervé juvin - I

Os Estados Unidos deram a ordem ao Leste europeu para impedirem a passagem do gasoduto Southstream, abandonado em Dezembro de 2014. Apelos diários do departamento de Estado à embaixada da França em Washington deram a ordem à França de bloquear a entrega dos dois navios “Mistral” à Rússia. Os lobistas americanos deram a ordem aos seus colaboradores da Comissão e do Parlamento europeus para autorizarem a cultura das plantas OGM sobre as terras da União europeia, e obtiveram-na (excepto decisão contrária dos Estados, desde Dezembro 2104. A 18 de Fevereiro de 2015, o secretário de Estado americano às Finanças, Jacob Lew, deu ordem ao ministro grego da Economia para encontrarem um acordo com a União europeia e o FMI.

hervé juvin - II

O espectáculo que dá a Europa não é o de uma Europa livre

Quando a Europa se quer independente, ela é impotente; lembremo-nos do projecto da “ Comunidade Europeia de Defesa”, abandonado eis já sessenta anos, em 1954, porque Washington não entendia a Europa sem estar sob comando americano! O abandono era legítimo; a consequência foi quarenta anos de inexistência europeia em matéria de Defesa, a subordinação do que subsiste dos exércitos nacionais europeus e das indústrias militares à NATO, e a solidão estratégica da França sempre que seguiu outra via que não a dos Estados Unidos, do Iraque ao Mali e à República Centro-Africana.

Que os países europeus fundadores da União, como a Alemanha e a França, que tinham recusado submeter-se às mentiras de Estado inglesas e americanas para justificar a invasão do Iraque, tenham deixado eleger para a Presidência da União um cúmplice dos interesses anglo-americanos, Durão Barroso, em vez de Guy Verhofstadt, significa uma capitulação.

O que é a Europa hoje?

Se não o meio do interesse nacional americano. Governança, criação de valor accionista, competitividade e atracção dos territórios… Quatro expressões de uma ideologia, a da primazia da economia como meio do poder. Sem estar a esquecer o copy-past “de uma cultura” de importação americana: todo o poder de comunicação, a adopção do casamento para todos, em breve talvez da procriação medicamente assistida, o dogma da indiferenciação dos sexos, tirado da teoria do género, que fez furor nos Estados Unidos há já vinte anos; desvalorização da pertença nacional, e degradação de um projecto nacional federativo e identificador, etc.

Fazer a Europa sim mas na  condição de quebrar com o erro do ocidentalismo que a coloca contra os seus vizinhos e aliados naturais, da Rússia aos países do Sul, estes sem os quais ela não fará a Europa participar no renascimento da civilização fazendo afirmar a separação necessária entre as culturas e as Nações, que garanta a sua diversidade. O sonho totalitário de um governo mundial é a promessa da escravidão, e a negação do direito dos povos a disporem de si-mesmos. Para acabar com esta utopia que fez tanto mal, a Europa deve reafirmar a importância política de fronteiras internacionalmente reconhecidas, da cidadania como pertença nacional exclusiva relativamente a qualquer mercado, e o princípio de não ingerência nos negócios internos dos Estados.

Amanhã talvez, é contra a China que a União europeia deverá fazer valer  o seu peso e a sua liberdade, uma China cujo apetite de matérias-primeiro e sobreaquecimento económico podem gerar a primeira ameaça planetária, uma China que sonha reunir “ tudo o que está debaixo do céu” num Império mundial que se quer respeitador da diversidade; o exemplo do Tibete e o Sinkiang devem dar-nos confiança?

Era ontem, e com razão, contra a vontade totalitária da URSS. É também hoje contra o peso crescente do Islão que a União europeia mobiliza os seus valores e a singularidade da sua história, mas na condição de reconhecer que o apelo do Islão através da Ásia, da África e da Europa é sobretudo o apelo da diversidade irredutível da espécie humana! Mas hoje, é primeiro contribuindo para fazer com que a potência americana se situe ao nível compatível com o equilíbrio internacional, que a União europeia pode encontrar o seu lugar numa ordem multipolar portadora de liberdade política.

E o que é a França? Como restabelecer a sua relação para com o mundo ? Como restabelecer o seu lugar no concerto das Nações, a sua plena legitimidade relativamente à História?

Les temps forts de cet ouvrage:

– L’épouvantail Europe Etats-Unis : La dette « irrécouvrable » de la Seconde Guerre mondiale,

– L’enjeu : la hantise anglo-américaine de l’Eurasie,

– Les armes de l’hyperpuissance américaine : ONG, Google, Marchés financiers, mariage pour tous, etc.,

– Les conséquences : un monde au bord de l’explosion et une Europe soumise,

– La nécessité d’une refondation politique : vers l’Europe des Nations réelles,

Et le retour d’une France affranchie sur la scène internationale.

Jean Pierinot, Revista Metamag, LE MUR DE L’OUEST N’EST PAS TOMBÉ-

Un essai-choc signé Hervé Juvin* aux Editions Pierre-Guillaume de Roux. Texto disponível em : http://www.metamag.fr/metamag-2928-LE-MUR-DE-L%E2%80%99OUEST-N%E2%80%99EST-PAS-TOMB%C3%89.html

*Hervé Juvin, économiste et essayiste français, a notamment publié : Bienvenue dans la crise du monde, Eurogroup, 2009; L’Occident mondialisé: Controverse sur la culture planétaire, avec Gilles Lipovetsky, Grasset, 2010; Le Renversement du monde – Politique de la crise, Gallimard, 2010; La Grande séparation – Pour une écologie des civilisations, Gallimard, 2013
Le mur de l’Ouest n’est pas tombé, Hervé Juvin, Editions Pierre-Guillaume de Roux, parution 21 mai 2015, 231 pages, 23€.

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