EDITORIAL –  O(S) CALDO(S) DE CULTURA DO TERRORISMO

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As acções terroristas desencadeadas em França e noutros países visam cada vez mais a destruição e intimidação, mais do que propriamente a conquista e o domínio directo a curto prazo dos países onde atacam. Para além da crueldade e desumanidade que revelam, é óbvio que os seus mentores procuram sobretudo lançar o caos nestes países, esperando alcançar outros objectivos no médio e longo prazo. Com certeza que não esperam (ao contrário do que defende alguma propaganda) que os países atacados não dêem resposta. Procuram sim acirrar os conflitos já existentes, e prosseguir interesses vários, por vezes até contraditórios.

O ressentimento contra o ocidente, muito espalhado em várias zonas do mundo, até pelas sequelas do colonialismo, tem crescido particularmente no Próximo e no Médio Oriente, como é do conhecimento geral. Os moldes seguidos no  desmembramento do império otomano, após a Primeira Guerra Mundial, em vez de resolverem problemas, agravaram-nos.  O revivalismo religioso, muito eivado de traços retrógrados, tem alimentado aquele ressentimento, ao contrário do que alguns dirigentes ocidentais terão pensado nos anos 70 e 80 do século passado. Em simultâneo com a  constatação de existir na Europa e América do Norte um bem-estar e uma civilização a que não têm tido acesso, entre as populações dos países árabes, e nas de outros países em situações semelhantes, tem crescido a ideia de que são desprezadas pelo ocidente e pelas suas gentes, o que, é necessário reconhecer, nalguns casos corresponde à verdade. Nos próprios países ocidentais, nas classes mais desfavorecidas, existe quem compartilhe deste ressentimento, até porque, entre estas, são numerosos os imigrantes e seus descendentes. Os problemas da União Europeia com as políticas de austeridade têm agravado a situação, com a destruição do emprego.

Entretanto, potências regionais como a Turquia, Israel, a Arábia Saudita, procuram desenvolver uma política própria, que aumente o seu poder em relação aos seus vizinhos, e não só. Situações particularmente graves como a da Palestina, do povo curdo e outras arrastam-se e contribuem para o crescimento do ressentimento e das situações de violência.

http://www.esquerda.net/artigo/como-surgiu-o-estado-islamico-como-se-financia-e-quem-faz-vista-grossa/39659

http://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/convidados/interior/o-estado-islamico-declara-guerra-a-todos-os-que-tentam-paralo-4889995.html

http://www.theguardian.com/commentisfree/2015/nov/18/turkey-cut-islamic-state-supply-lines-erdogan-isis

 

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