Selecção e tradução de Júlio Marques Mota

Revisão de Flávio Nunes/span>

Caderno de notas de um etnólogo na Grécia – Uma análise social diária da crise grega

Uma série de Panagiotis Grigoriou,

26. Caderno de notas de um etnólogo na Grécia, 11 Julho – O Género humano

Memorando, então o terceiro do género (humano). A maioria Tsipriota fez aprovar “o seu” texto na Assembleia graças ao apoio dos partidos sistémicos do demasiado velho país, os do “ SIM” e dos 35%. Democracia espoliada sob o regime da autêntica heteronomia europeísta .

Dezassete deputados SYRIZA, entre os quais o ministro da Energia, Panagiótis Lafazánis, votaram “NÃO” ou abstiveram-se. O governo vacila sem estar a cair (pelo menos de momento), o país, esse está outra vez suspenso de corda ao pescoço à espera da sua sorte, que não pode ser grande coisa, suspensa de reunião em reunião do Eurogrupo. A rua grega está numa situação de choque.

“Aí está, era então isto o ‘NÃO’ do povo? Que vergonha! Além disso, as medidas do memorando serão ainda mais pesadas a suportar e a pagar. Tsípras acabou, ele fez como outros todos filhos da p. ”, reacção de Maria empregada suposta de pouca remuneração porque pauperizada por… falta de gasolina, no sábado de manhã em Méthana, no Golfo de Saronique.

Ontem Sexta-feira, Tássos Pappás, muito próximo de Alexis Tsípras como se sabe, tinha exortado os deputados SYRIZA “a adoptarem a proposta do governo, porque é necessário às vezes recuar sem, no entanto, esquecer a nossa visão estratégica. Mesmo Lénine o fez , assinando o tratado de Brest-Litovsk”, recordou sem estar a impressionar muita gente , acrescente-se. Este tratado foi assinado a 3 de Março de 1918 entre os governos dos impérios centrais, encabeçados pelo Império alemão, e a jovem república russa bolchevique, procedente da Revolução de Outubro na Rússia, na cidade de Brest-Litovsk, pondo fim aos combates sobre a frente do Leste; foi em seguida denunciado pelo poder soviético de Moscovo a partir do 13 de Novembro de 1918.

A história não se repete ou então repete-se como uma farsa. De modo algum impressionado pelos argumentos locais de SYRIZA, a Sociologia da Esquerda (SYRIZA completamente do avesso), não se acalma não. Os meus amigos da esquerda de Syriza não sabem ainda como vão reagir no tempo ou na rutura. A ruptura, está na ordem do dia, mas entre SYRIZA e SYRIZA!

De outro lado ignoramos tudo quanto à chantagem e às ameaças que terão então seguramente sido proferidas e exercidas sobre os Tsipriotas desde o lado “dos credores” até ao dos países suficientemente “amigos” e “aliados”. Os historiadores do futuro terão a sua palavra a dizer, se não for WikiLeaks, depois de amanhã. Paciência.

Os sítios Internet próximos de SYRIZA não mastigam sequer as suas palavras e os nossos males, segundo e TVXS (do dia 11 de Julho). “Desde 2012, SYRIZA procurou dissimular a falta de programa, e assim, este repúdio da realidade que é o deles, no entanto bastante evidente: a zona euro é estruturada como um memorando sem termo. SYRIZA na oposição, tinha mantido uma retórica antigovernamental, através da contradição no entanto fatal, entre a luta contra o memorando e a posição de SYRIZA, cujos limites da sua política correspondem muito exactamente aos do euro. O impacto desta contradição foi tão flagrante logo a partir do primeiro dia do novo governo e foi sucessivamente intensificado pelos comportamentos políticos individuais e os malogros sucessivos, para conduzir no fim de contas e de maneira explosiva durante aos cinco últimos dias, onde realmente os cinco últimos anos estiveram concentrados. O triunfo do povo que desafiou as ameaças e também toda esta campanha de terror sem precedentes, foi assim em pouco tempo completamente estropiado e depois adoptado pelo governo, em união com os partidos do velho mundo. Perversão… consciente do significado do veredicto do povo e da humilhação”,
“Se os quadros de SYRIZA se consideram incapazes de gerir uma outra política que não seja a estrita escolha dos “credores”, devem então demitir-se em bloco, deixando aos autênticos gestores de uma tal política, a Nova democracia, o PASOK e o partido do Rio”. É claro, a Esquerda grega está pronta a explodir.

O ministro do Desenvolvimento, Yórgos Stathákis declara por seu lado que “quando o acordo for validado, os deputados SYRIZA que não são desta opinião , deveriam demitir-se e serem assim substituídos”. É muito claro.

O espírito popular e patriótico, tão bem representado pela Ópera grega não teria muito bem sobrevivido no século dos drones . Há que contemplar as fortificações destruídas do século XVIII e meditar sobre o futuro numérico dos povos rebeldes. “Os ministros das finanças europeus acentuam a pressão sobre o governo Tsípras de modo que se concretizem as reformas anunciadas, no entanto muito semelhante ao que os Gregos rejeitaram massivamente aquando do referendo do 5 de julho. ”, felicita-se o Pravda da mundialização. De Eurogrupo em Eurogrupo, perdemos também todo e qualquer controlo sobre o nosso calendário do tempo vivido ou esperado, resta-nos apenas o tempo morto.

Acaba-se de saber que se deu um assalto à caixa da Ópera de Atenas, mas por último, o Jardim zoológico de Ática será aberto e em livre acesso até 31 de Agosto “a fim de satisfazer o entusiasmo popular mas num contexto económico tão dramático.”
Casa de partida “…” célula do euro. História dos animais e dos animais políticos (?), é tanto uma obra zoológica escrita por volta de 343 antes da nossa era por Aristóteles. O décimo livro é considerado apócrifo por conseguinte, esperança!

Tradução Júlio Marques Mota
Revisão Flávio Nunes
Texto original publicado pelo sítio greek crisis
Panagiotis Grigoriou, Carnet de notes d’un ethnologue en Grèce, une analyse sociale journalière de la crise grecque. Texto disponível no site greekcrisis, cujo endereço é : http://www.greekcrisis.fr/