Selecção e tradução por Júlio Marques Mota
Em contraste com a opinião oficial da União Europeia de que a maioria das reformas financeiras foram alcançadas e que o sistema é seguro, estamos convencidos de que os problemas básicos não foram resolvidos. O sistema financeiro continua a ser muito grande e muito complexo, e o sector financeiro está também demasiado interligado para poder ser eficientemente regulado e controlado por políticas democráticas. No caso de uma nova crise financeira, o que inevitavelmente irá acontecer mais cedo ou mais tarde, as protecções criadas pelas reformas não serão suficientes.
Além de reformas inadequadas vem a pressão de outros factores críticos, como a crise da dívida não resolvida na Grécia, Itália, Espanha, Portugal e noutros países, as taxas de crescimento económico na zona do euro que dificilmente estão acima da situação de estagnação, uma moeda que estruturalmente dificulta uma melhoria substancial da situação económica e uma gestão de crise que, na melhor das hipóteses, pode comprar algum tempo, como o pacote de resgate para a Grécia a partir do Verão passado mostrou. Embora o Banco Central Europeu tente desesperadamente provocar o crescimento, inundando os mercados financeiros com dinheiro ao mesmo tempo que está a proteger os países endividados através de taxas de juros próximas de zero, não foi possível inverter a trajectória desta evolução. Com excepção de bolhas nos mercados de acções e nalguns mercados imobiliários, não houve nenhuma melhoria real. Parece que até mesmo os instrumentos criados pelo banco central não estão a conseguir manter os desafios sob controle.
Mesmo que o Reino Unido não saia da UE, as tendências centrífugas e de declínio serão aceleradas. Como condição para permanecer na UE, o Reino Unido tem a intenção de bloquear todas as reformas financeiras que ameaçam a rentabilidade de Londres como um centro financeiro.
A capacidade de resolução de problemas da UE em geral já está totalmente sobrecarregada. Com o terrorismo, a guerra e a guerra civil às suas portas, bem como a migração e o forte aumento das forças de direita em quase todos os países membros, os governos estarão ainda mais absorvidos na gestão do caos. Por outras palavras, nós temos que nos preparar para um longo período de múltiplas crises na Europa.
Nós pensamos que a sociedade civil tem de continuar a alertar sobre os riscos contínuos e sobre as deficiências nas políticas financeiras, algo que a WEED tem continuado a fazer. Nós planeamos editar pelo menos uma edição deste boletim por trimestre. Em situações extraordinárias, vamos mesmo aumentar a edição de artigos.
Extracto do editorial da newsletter nº 31, de 2 de Dezembro de 2015 – assinado por Myriam Vander Stichele, Markus Henn e Peter Wahl.
(continua)
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