EDITORIAL – ORÇAMENTO PARA 2016 – A GRANDE CONTRADIÇÃO

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Hoje, 5 de Fevereiro, parece que se vai saber se o orçamento português para 2016 vai ser aceite ou não por Bruxelas. Qualquer que seja a posição relativamente às implicações desta situação, tem que se concordar que é um momento importante para o país. A este respeito, há obviamente um confronto de posições entre os defensores da austeridade e os que pretendem pôr-lhe fim. Todos sabem (embora nem todos o reconheçam abertamente) que os primeiros pretendem manter a concentração da riqueza num número reduzido de mãos, e os segundos (pelo menos nas suas declarações) defendem um caminho diverso, de maior igualdade entre os cidadãos. Os primeiros fundamentam a sua opção insistindo em que ela é imprescindível para o equilíbrio financeiro das nações, entre os segundos uns defendem que é possível alcançar o equilíbrio financeiro dentro das regras impostas pela União Europeia (EU) e simultaneamente caminhar para uma maior igualdade, outros defendem que não, que é indispensável para o equilíbrio financeiro (e a sobrevivência dos povos e das nações) uma mudança das regras europeias, ou mesmo a saída das instituições europeias. Daqui as longas discussões sobre cortes nas despesas públicas (quase sempre = cortes em salários e pensões), investimento público e/ou investimento privado, impostos mais ou menos progressivos, privatizações, etc.

Não será exagero afirmar que estas divisões correspondem, grosso modo, às que separam a direita da esquerda, em Portugal e não só. Mas este momento leva a pensar sobre questões fundamentais, como sobre se é possível um governo à esquerda na UE com os actuais tratados europeus, qual os cenários em relação ao futuro de Portugal como membro da UE, e sobre Portugal fora da UE. Pensar sobre estes assuntos tem sido um tabu para a maioria dos portugueses. É bom termos ideias sobre estes assuntos. 30 anos depois da adesão de Portugal à UE, há motivos para acreditar que há mais pessoas a pensar que foi um erro. Nunca foi feita uma auscultação aos portugueses sobre este assunto, o que foi sem dúvida um erro grave. Mas não será deslocado insistir na sua discussão.

Não é costume neste editorial relevar opiniões pessoais. Hoje permitimos-nos uma excepção, em relação a Ricardo Paes Mamede. Não propomos que se concorde com ele, nem o contrário. Apenas que se reflicta sobre o que diz. Assim, sugerimos que acedam aos dois links abaixo:

http://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/ricardo_paes_mamede_e_impossivel_governar__a_esquerda_com_as_actuais_regras_europeias.html

(acesso reservado a assinantes, segundo cremos)

http://www.ionline.pt/493441

 

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