A COLUNA DE OCTOPUS – Brasil: e se se tratasse de um golpe de Estado…

octopus1Independentemente das acusações jurídicas sobre Lula, convém ver o que realmente está em causa: a destruição de um país que teve a ousadia de se intrometer nas regras da economia mundial dominada pelos Estados Unidos.

Os BRIC: uma utopia?

Lula foi o porta-voz de “um outro mundo possível ao movimento alter-mundialista com propostas para sair da crise e do sistema”. As oligarquias mundiais nunca lhe perdoaram tais veleidades. a criação do acrónimo BRIC (Brasil, Rússia, Índia, China) pelo banco Goldman Sachs, que estas potências emergentes estavam destinadas a ter um papel fundamental no mundo económico e financeiro: um crescimento sustentado, recursos naturais e um a economia estabilizada. Mas também estavam condenadas ao fracasso por serem intoleráveis perante o sistema mundial vigente.

Lula lembrava nas Nações Unidas, em 2008, em plena crise financeira, que apesar da anarquia dos mercados, “desde 2003, o Brasil criou 10 milhões de postos de trabalho, conseguiu redistribuir a riqueza, melhorou os serviços públicos, tirou 9 milhões de pessoas da pobreza extrema e conseguiu que 20 milhões de pessoas atingissem o estatuto de classe média”. Estávamos na época brasileira da utopia e de que um mundo melhor e diferente era possível. Nada menos verdade, esta seria absorvida, pouco a pouco, pelo implacável sistema dominado pelos interesses das grandes multinacionais e ditadura das grandes potências.

Os BRIC: um alvo a abater…

Os BRIC eram uma afronta ao sistema vigente dominado pelas multinacionais americana e britânicas e a suas pretensões de um sistema monetário alternativo à ditadura do dólar, petro-dólar.. Chegaram a constituir o seu sistema bancária e a recusar transacionar as suas economias em dólares.Esta situação explica que esses países tenham sido alvo de vários ataques.  Rússia, foi atacada com o problema da Ucrânia, liderada por revoltas nacionalistas promovidas pelo ocidente. Foi alvo de ataques à sua moeda nacional. Foi acusada e diabolizada pelos meios da comunicação social pelos seus “ataques” contra “rebeldes” na guerra contra o Daesh. Isto além da “inundação” mundial de petróleo por parte da Arábia Saudita e Qatar para prejudicar as exportações de petróleo por parte da Rússia e assim fragilizar a sua economia.A China foi alvo de ataques bolsistas e acusada de “agressões” no mar da China meridional.Sendo a Índia um país à parte, de difícil controle e ainda pouco influente, sobrava o elo mais fraco: o Brasil.

Reconquistar o Brasil…

Os Estados Unidos nunca viram com bons olhos este país emergente, outrora sob seu controle, com líderes escolhidos por si. Subitamente este país tinha-se tornado na oitava potência económica mundial com taxas de crescimento de 7%.Petrobas era uma empresa estatal muito eficaz e representava 18% do PIB brasileiro. Este estatuto, juntamente com a descoberta de enormes reservas na chamada “Pré-Sal”, vendida a preço de saldo a empresas americanas, representava o início do fim desta empresa estatal.Os BRIC tentaram mudar as regras do jogo internacional no mercado mundial, mas ainda não foram suficientemente fortes para mudar o mundo.Tudo isto não vai impedir um golpe de estado institucional no Brasil. Existem várias forças aliadas para derrubar o poder brasileiro: os média na mão do capital, o poder judicial e a maioria do poder legislativo. Isto assemelha-se a mais um golpe de estado, desta vez sob a forma de um processo judicial. Uma velha forma de um suave golpe de estado, para mudar o sistema político actual, substituído-o por um outro mais conforme às regras ditadas pelo sistema hegemónico vigente.

1 Comment

  1. Absolutamente. Essa é a causa subjacente à crise fabricada, desde ha já muito tempo, e que agora ficou madura. Para os propósitos do poder ocidental, é absolutamente necessário erradicar a esquerda agora, pois não seria tolerável vê-la ganhar as eleições de 2018.

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