Nada mais traumatizante, para as populações em geral, do que um atentado suicida. É como uma mão invisível e mortal que paira sobre as nossas vidas e que nos pode matar indiscriminadamente sem que sejamos responsável pelas causas desse acto perpetrado.
O motivo que nos é apresentado, para esta vaga de atentados, é misterioso. Dizem-nos que são fanáticos, que querem conquistar o mundo ou que a morte para eles é como uma benção divina.
Temos razão em estarmos perplexos. O que pode levar um qualquer ser humano a morrer (mesmo como mártir) e no seu acto matar outros seres humanos?
A nossa mente não está preparada para compreender o suicídio porque o ser humano está programado para sobreviver. Também não está preparada para aceitar atentados suicidas. Quando o objectivo desses atentados é uma revindicação política ou territorial, apesar de não aceitarmos, compreendemos.
Uma das maneiras de nos fazer aceitar a origem destes atentados é de repetir vezes sem conta que está no fanatismo religioso. Pronto, já estamos preparados para aceitar a origem, dado que tantos meses com a repetição da mesma informação nos faz, pouco a pouco, consentir com a causa.
Agora já estamos preparados para sermos anestesiados pela inundação de imagens televisivas, passadas vezes sem conta, frequentemente as mesmas durante horas, de vítimas, de testemunhos e de sangue.
Inconscientemente revemos-nos como potenciais vítimas. Poderíamos ser nós as vitimas, dado que frequentamos esses mesmos lugares comuns.
Qualquer um de nós acaba por sofrer de um stress pós-traumático que condiciona pouco a pouco a nossa forma de pensar, de encarar o futuro e que nos deprime. Estamos, então, condicionados para aceitar qualquer solução, mesmo a de aceitar um perda da nossa liberdade para evitar o medo.
Coagidos pelo medo, que inibe o nosso poder crítico, leva-nos a aceitar as forças que nos governam como dirigentes inquestionáveis do nosso destino, dado que não conseguimos raciocinar de forma objectiva.
Tentamos encontrar respostas, e a respostas que nos propões é que se trata de fanatismo religioso, que “essa gente” (o outro) está disposto a morrer por fanatismo e que pouco podemos fazer, a não ser confiar em quem nos governa e nos protege.
Explicações simplistas que aceitamos como causa e soluções, sem nos questionarmos.
Mas…