EDITORIAL – ANGOLA? “LUUANDA”!

Podemos manifestar o nosso repúdio pela decisão de tribunais angolanos que condenaram por ler livros considerados perigosos para o regime, logo editorialacusação que passa a conspiração de morte do presidente e daí a organização de malfeitores? Sim. Podem aqueles que não têm interesses económicos em vista. Tal como podem quanto ao que se passa em qualquer parte do mundo e que ponha em questão os direitos humanos. Direitos que, para mais  os países dizem defender… Por cá já sabemos as posições de todos os partidos com acento no Parlamento, contraditórias quanto a outras situações.

Tal como a extinção da Sociedade Portuguesa de Escritores, em 1965, como consequência de ter atribuído o Grande Prémio da Novela a Luandino Vieira, autor da obra Luuanda, serviu para ajudar a desmascarar o estado totalitário e tornar ainda mais claros os objectivos do Estado Novo, esperemos que estas decisões também sirvam para tornar cada vez mais clara a prepotência e a corrupção do governo angolano. Esperemos que a liberdade de expressão possa ser uma realidade.

A poetisa Ana Paula Tavares no seu poema “As portas de Luuanda” escreve, em 2005:

“(…) a porta que era preciso abrir

para chegar o ar limpo

e o sol quente outra vez…

José Luandino Vieira, Luuanda

(…)

A memoria ferida de Luuanda

escorre um mel espesso de lembranças

como os passos dos miúdo

pelas areias soltas do museke(….)

Possa a memória de Luanda vir a ser outra.

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